23 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
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A ameaça do PCC, a notícia na rede e a cultura da bala com bala em Alagoas

A tropa se preparando pelas redes sociais para a reação à suposta vingança dos bandidos

José Gilson dos Santos Silva, O Gladiador, membro do Primeiro Comando da Capital (PCC), morto em tiroteio na semana que passou, após abordagem policial, foi o tema preferido das autoridades nos quartéis, devido a uma suposta ameaça de vingança do próprio PCC contra os militares.

A notícia quando é ruim – seja fato ou boato (principalmente este último) – se espalha com a velocidade da luz. Parece que as pessoas sentem prazer em ver  o mal se espalhar em meio ao aguçamento da aflição humana.

No caso da “vingança” do PCC em Alagoas, os prórpios militares se encerragaram de disseminar a informação pelas redes sociais e já na preparação da tropa para uma reação à altura. É a história do bala com bala e o terror se espalhando.

A ameaça seja ela qual for não pode ser desconsiderada em lugar nenhum. Mas neste caso ou faltou inteligência para lidar com a questão ou houve satisfação plena na transmissão da informação pela rede, naquela medida do posicionamento de mocinhos contra bandidos.

O comando da PM, segundo o coronel Marcos Sampaio, não viu nenhuma fonte oficial que legitimasse a informação da guerra prometida pelo PCC. Falou-se numa lista com juízes ameaçados de morte, etc. O comandante não confirma a lista.

Ao que parece faltou cautela, mais inteligência e menos exacerbação no caso. O pior é que o próprio governador embarcou na onda e logo foi dizendo que Alagoas não vai baixar a cabeça para bandidos. Nem deve, excelência.

Mas, informações dessa natureza devem ser apuradas de forma criteriosa. Se a atividade policial requer atenção especial permanente, imagine o que  uma informação como essa – de que haverá  invasão e matança de policiais em Alagoas pelo PCC – não faz com o emocional de soldados e oficiais?

Em um estado inflamado pelas paixões entre mocinhos e bandidos, basta o cidadão comum passar na rua e, zarolho, olhar um policial inseguro, assustado e fragilizado pela onda de terror propagada. Pode se ter aí o imponderável.

Mas, se a cultura for mesmo essa da bala com bala, então salve-se quem puder.