26 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
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A fraude, a corrupção e os números do Enem. Alguma coisa em comum?

Exame teve 2 milhões a menos de inscritos este ano, em relação a 2016, e 30% não compareceram à primeira prova.

Em sua segunda etapa, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) reúne mais uma vez, neste domingo (12), os candidatos a uma vaga nas universidades públicas de todo o país. A concorrência baixou significativamente: Mais de 30% dos 6,7 milhões de inscritos faltaram à primeira prova, realizada no domingo passado (5), um número bastante expressivo (mais de 2 milhões de abstenções), principalmente considerando que no ano passado, o percentual de desistentes/faltosos em todo o Enem foi de 29,19%.

Some-se a isso a queda também significativa no número de inscritos – de 9,2 milhões em 2016, para 6,7 milhões este ano. Queda atribuída por alguns analistas, ao fato de o Enem não ter mais a finalidade de validar a conclusão do ensino médio, como nas edições anteriores. Será? Lógico que o fato pesa nos números. Mas será só isso? Aposto que não!

Para uma geração marcada pelo fantasma da fraude e da corrupção que assolam o país, é bom considerar os efeitos dessa praga social na credibilidade dos processos seletivos; na confiança de concorrentes que investem anos de estudos e se vêm lesados por quem quer se dar bem a qualquer custo (altíssimo custo material e moral, diga-se de passagem).

Foi assim nos exames passados, cada um com suas histórias de tentativas de fraudes; foi assim na primeira etapa do exame atual. Entre uma prova e outra, na última quarta-feira (8) a Polícia Federal desbaratou, no Ceará, uma quadrilha especializada em fraudar concursos, entre eles o Enem. Foram cumpridos 4 mandados de prisão preventiva, 21 de busca e apreensão, e 11 de conduções coercitivas.

HISTÓRICO

Criado em 1998, com objetivo inicial de avaliar o estudante no término do ensino médio, o Enen cresceu e ganhou força, a partir de 2009, quando alcançou o status de processo seletivo para acesso à universidade – pública e particular (por meio de bolsas de estudo), substituindo o antigo vestibular.

Mas não é só o número de instituições e de alunos concorrentes que cresce a cada ano. Com ele, cresce (e aparece) também o número de organizações criminosas especializadas em fraudar o concurso, seja vendendo ou comprando estratégias para garantir aprovação de quem não tem preparação para vencer, e investe, ‘com a força da grana que ergue e destrói coisas belas’, na destruição dos sonhos de quem se preparou a vida toda para esse processo.

E é muito dinheiro envolvido. Grana que bem poderia pagar a faculdade particular dessa gente, sem destruir os sonhos de ninguém.

Mas, é a cultura da fraude e da corrupção fazendo escola – literalmente. Com a mesma gana que vem corrompendo o país em todos os campos, principalmente o político, minando por baixo os valores morais; pais reforçam esse processo ensinando aos filhos que tudo se compra, até estudos e diplomas, transformando os processos educativos em casos de polícia.

Vale lembrar que a fraude, nesse caso, é faca de dois gumes – o de quem vende e o de quem compra o esquema.