Pelo 6º dia consecutivo – agora na mira de medidas duras, como multas altíssimas e uso das forças militares, determinadas pelo governo e acatadas pela Justiça – caminhoneiros em greve, em todo o país, enfrentam uma organização poderosíssima: a máquina estatal comandada pelos chefões Michel Temer e Henrique Meirelles, que vem enfiando tanque abaixo aumentos insuportáveis nos preços dos combustíveis, em tentativas desatinadas de encobrir o rombo dos saqueamentos feitos na Petrobrás durante anos seguidos, pela classe política – pintada em todas as cores partidárias.
Apesar do transtorno, o movimento dos caminhoneiros tem conquistado a simpatia de várias esferas da sociedade. Porquê? A causa é justíssima e abrangente. O combustível é a mola mestra que dá suporte à dinâmica econômica e social do país. E os aumentos constantes do preço que pagamos na bomba tem tornado inviável não só a atividade dos caminhoneiros, mas de toda uma cadeia produtiva e de serviços que se movimenta, da roça ao supermercado; da fábrica ao consumidor; de casa até o trabalho; do doente ao posto de saúde …
O alto preço dos combustíveis não é um problema só dos caminhoneiros, e isso tem ficado mais do que claro, com a greve que persiste – apesar das ameaças de repressão ao movimento. O problema é de todos nós, brasileiros. Sem combustível os transportes não funcionam, a ambulância não circula; o socorro não chega; a viatura policiais não roda; a coleta de lixo não é feita; os produtos não chegam nos hospitais, nas farmácias, nas feiras livres, nos supermercados, na nossa casa…
E é essa percepção – de que o preço do combustível dói no bolso e afeta a vida de todos nós, que nos movimentamos de carro, de ônibus, de moto, de trem, de navio ou de avião – que tem levado aos caminhoneiros o apoio de outras classes e de movimentos organizados.
CUT, Força Sindical, Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB), agricultores, taxistas, motoristas de aplicativos, motoboys e pescadores (sim, eles também dependem de combustível para movimentar seus barcos) já declararam apoio à causa, e vêm realizando manifestações com paralisações em vários pontos do país.
Mas ainda é pouco para a dimensão do problema que afeta a todos nós brasileiros: a alta do preço dos combustíveis e suas causas e consequências.
Onde andam os demais prejudicados pelo aumento desenfreado? Onde anda aquele povo de sangue nas veias, que foi às ruas e derrubou dois presidentes? Onde estão os donos de postos, que tanto reclamam da carga tributária? Estes, estão aproveitando o momento para lucrar, aumentando ainda mais os preços; e nós, correndo aos postos, assim mesmo, para abastecer e não ficar de tanque vazio.
Não podemos deixar esse movimento apenas na carga dos caminhoneiros. Temos que juntar forças, sem divisões partidárias, sem guerra de gangues, mas com determinação e companheirismo, com a percepção de que estamos todos no mesmo barco – do povo que sofre as consequências das atitudes e decisões desastrosas dos seus governantes; dos aumentos insensatos do custo de vida; da carga tributária que nos obriga a entregar o equivalente a 5 meses do nosso rendimento anual para sustentar os vícios e as mordomias dos detentores de podres poderes; de um dos governos mais impopulares da história do País; de políticos que apenas observam, trancados em seus gabinetes luxuosos, a marcha lenta do desenvolvimento; a Nação parada, o povo sem respostas.
O mesmo povo que está prestes a ir às urnas e que tem na ponta dos dedos a maior arma para a melhor resposta: o voto consciente. Só ele é capaz de transformar essa Nação.
Vale refletir: Onde estão, neste momento, os nossos “representantes”? Alguém no meio de toda essa confusão viu ou ouviu alguns deles?
Quem, realmente nos representa?
Eis a pergunta que exige a nossa resposta… na urna; no voto.