18 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
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A migração e o drama de quem caminha sem saber onde chegar

Entre a cruz e a espada: Mais de 430 mil pessoas tentaram cruzar fronteiras em busca de refúgio em países europeus. Cerca de 2.800 morreram nessa travessia.

Três naufrágios no final de semana. Só neste domingo, 34 corpos encontrados no mar, depois que uma embarcação naufragou na costa da Grécia, com cerca de 100 migrantes e refugiados a bordo. Entre os mortos, 15 crianças. Números crueis, que crescem a cada dia, mostrando que esta, já considerada a maior crise da humanidade desde a segunda guerra mundial, ultrapassa os próprios limites a todo instante.

São cidadãos; famílias; pessoas de todas as idades, muitas ainda bebês, abandonando suas terras, suas casas, tendo que escolher entre a cruz e a espada, arriscando a vida, por terra ou por alto mar, em busca de um lugar seguro, longe das guerras, dos conflitos religiosos, da fome e da miséria que matam…

… e acabam morrendo, cansados de caminhar; fugindo de perseguições desumanas; asfixiados em caminhões fechados; afogados em alto mar – ou na praia, como o menino sírio que virou símbolo desse drama imensurável.

No naufrágio deste domingo, 68 pessoas foram resgatadas pela guarda costeira grega; outras 29 conseguiram chegar nadando até a praia. Mas os mortos podem ser bem mais do que os 34 corpos encontrados, engrossando as estatísticas que só mostram o crescimento da dimensão desse drama.

De acordo com a Organização Internacional para as Migrações, mais de 430 mil migrantes e refugiados cruzaram o Mediterrâneo com destino à Europa este ano. Cerca de 2.800 pessoas morreram nessa travessia.

ESPERANÇA

Na próxima quarta-feira, a Comissão Europeia vai propor, emergencialmente, aos 28 membros da União Europeia, que recebam 120 mil solicitantes de asilo, atualmente divididos entre Itália, Grécia e Hungria. Um paliativo, até que se consiga definir quotas permanentes por país. Há meses, a Comissão tenta instaurar um mecanismo obrigatório e permanente de divisão do problema, por cotas de recebimento dos refugiados, mas tem enfrentado resistência – só agora abalada pela morte do menino sírio.

E apesar de tantas mortes, os migrantes e refugiados continuam caminhando sem parar, numa longa viagem onde viver ou morrer é quase uma questão de sorte.

A maioria, nem sabe onde vai chegar.

Ou se vai chegar.