Três naufrágios no final de semana. Só neste domingo, 34 corpos encontrados no mar, depois que uma embarcação naufragou na costa da Grécia, com cerca de 100 migrantes e refugiados a bordo. Entre os mortos, 15 crianças. Números crueis, que crescem a cada dia, mostrando que esta, já considerada a maior crise da humanidade desde a segunda guerra mundial, ultrapassa os próprios limites a todo instante.
São cidadãos; famílias; pessoas de todas as idades, muitas ainda bebês, abandonando suas terras, suas casas, tendo que escolher entre a cruz e a espada, arriscando a vida, por terra ou por alto mar, em busca de um lugar seguro, longe das guerras, dos conflitos religiosos, da fome e da miséria que matam…
… e acabam morrendo, cansados de caminhar; fugindo de perseguições desumanas; asfixiados em caminhões fechados; afogados em alto mar – ou na praia, como o menino sírio que virou símbolo desse drama imensurável.
No naufrágio deste domingo, 68 pessoas foram resgatadas pela guarda costeira grega; outras 29 conseguiram chegar nadando até a praia. Mas os mortos podem ser bem mais do que os 34 corpos encontrados, engrossando as estatísticas que só mostram o crescimento da dimensão desse drama.
De acordo com a Organização Internacional para as Migrações, mais de 430 mil migrantes e refugiados cruzaram o Mediterrâneo com destino à Europa este ano. Cerca de 2.800 pessoas morreram nessa travessia.
ESPERANÇA
Na próxima quarta-feira, a Comissão Europeia vai propor, emergencialmente, aos 28 membros da União Europeia, que recebam 120 mil solicitantes de asilo, atualmente divididos entre Itália, Grécia e Hungria. Um paliativo, até que se consiga definir quotas permanentes por país. Há meses, a Comissão tenta instaurar um mecanismo obrigatório e permanente de divisão do problema, por cotas de recebimento dos refugiados, mas tem enfrentado resistência – só agora abalada pela morte do menino sírio.
E apesar de tantas mortes, os migrantes e refugiados continuam caminhando sem parar, numa longa viagem onde viver ou morrer é quase uma questão de sorte.
A maioria, nem sabe onde vai chegar.
Ou se vai chegar.