23 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Bleine Oliveira

A PMAL, o horror e o império da Justiça*

“Os insensatos, que acreditam serem sábios, são inimigos de si mesmos; fazem más ações, das quais, por fim, só colhem frutos amargos”.
Frase atribuída aos Budistas

Há 12 anos, quando o jovem Guilherme Magalhães Cabral foi assassinado por três adolescentes, ouvi de sua mãe, a professora Belmira Magalhães, da Universidade Federal de Alagoas, a definição mais dolorosa do que é perder um filho.

Entrevistei a professora quando Guilherme ainda estava desaparecido. Ele sumiu no dia 2 de dezembro de 2005, e seu corpo foi encontrado no dia 11.

Desculpei-me pela estupidez da pergunta, explicando que precisava fazê-la, para que eu e os leitores da Gazeta de Alagoas (onde sou repórter) pudéssemos dimensionar a angústia, misturada à esperança de encontrar o filho vivo.

– A senhora consegue definir o que sente? – perguntei.

– Você sabe o significado da palavra horror? É o que sinto. É onde estou, no horror! – respondeu Belmira Magalhães, com lágrimas escorrendo pelo rosto, expressão contraída, esforçando-se para responder aos repórteres, à polícia, que procurava por Guilherme, e, penso, a si mesma.

Rememoro a tragédia que se abateu sobre a família de Guilherme, para me reportar ao assassinato do capitão PM Rodrigo Moreira Rodrigues, em abril do ano passado.

Capitão Rodrigo Moreira, assassinado enquanto combatia o crime. Foto: arquivo pessoal

O capitão, que comandava uma guarnição do Batalhão de Radiopatrulha, foi baleado quando tentava abordar um suspeito de roubo, que estava em uma casa no bairro da Santa Amélia.

Seu assassino, identificado como Agnaldo Lopes de Vasconcelos, vai a julgamento nesta segunda-feira, 4, em sessão do Tribunal do Júri da 9ª Vara Criminal, no Fórum de Maceió.

A família do capitão vive, até hoje, o mesmo horror que enfrentou a professora Belmira e seus familiares.

Republico texto divulgado por colegas do capitão Rodrigo Moreira, que morreu combatendo criminosos.

“Em abril de 2016, quando o Capitão Rodrigues,  do Batalhão de Polícia de Radiopatrulha (BPRP) buscava um celular que havia sido roubado e atendia, com a maior competência e presteza, a demanda da sociedade, ele foi covardemente assassinado. Morria ali um dos policiais mais competentes de Alagoas, um filho exemplar, um homem que construiu uma família baseada nos melhores princípios… um ser humano que morreu honrando o que sabia fazer de melhor: proteger a população. No próximo dia 04 de dezembro a polícia vai, mais uma vez, pedir JUSTIÇA. Sabe por quê? Porque #NãoFoiLegítimaDefesa, como justifica o assassino, que sabia que a chegada do capitão ( POLÍCIA) na casa dele se tratava de uma ação policial. Assim como nas audiências anteriores, vamos ao Fórum do Barro Duro em nome da tropa, do cidadão que precisa da gente, da causa, da VIDA! Assim estaremos honrando o que o Capitão tanto prezava! #nãofoilegítimadefesa #famíliaRP”.

A posição dos militares deve ser a posição da sociedade à qual o oficial defendia.

Que a Justiça impere!

*Para todas as vítimas da insensatez humana.