Janeiro é o mês em que os termômetros políticos vão à extratosfera na Barra de São Miguel, aprazível balneário no Litoral Sul de Alagoas. Desde que alcançou o poder, ali por volta dos anos 90, e escolheu aquele belo litoral como espaço para descansar de sua atribulada vida político-parlamentar, o senador Renan Calheiros é o mercúrio que faz a temperatura subir amornando as águas mansas daquele paraíso.
Em torno do todo poderoso senador, gravitam os demais componentes do mundo político alagoano. É na Barra de São Miguel que surgem as primeiras tendências eleitorais. Ou melhor, é na mansão do senador Renan que as discussões começam.
E neste janeiro que antecede a disputa pela Prefeitura de Maceió, a água começa a borbulhar.
O primeiro petardo foi disparado por meio do vice-líder do PDT na Câmara Federal, e coordenador da bancada de Alagoas no Congresso, deputado federal Ronaldo Lessa.
Coube a ele revelar os primeiros sinais do que vem por aí. Do alto da posição que ocupa, Lessa propõs, durante café da manhã para o qual convidou a imprensa, a união das forças políticas alagoanas.
Em seguida, admitiu que seu PDT pode apoiar a reeleição de Rui Palmeira, o incansável prefeito de Maceió.
Mais que trivial, um chavão mesmo, esse discurso de unidade já não engana a ninguém. Na hora última, o tabuleiro se arruma conforme o interesse de quem pode mais.
O apoio a Rui tem muito haver com o êxito da administração, mérito do próprio prefeito. Habilidoso e sereno, Rui trabalha, enquanto a caravana passa.
Mas quem conhece a política alagoana, sabe que a fala de Ronaldo Lessa tem muito do ‘veneno’ que será expelido ao longo da campanha.
E meu oráculo revela: a primeira gota foi disparada contra o deputado federal Cícero Almeida.
Sim, ele mesmo!
Talvez tenha chegado a hora de o ex-prefeito pagar o que eleitoralmente deve ao grupo do senador Renan.
Sim, porque ninguém é tolo a ponto de acreditar que Almeida ter pulado para o barco de Teotônio Vilela, na eleição de 2010, não teve consequências. Os efeitos podem começar a aparecer agora.
De novo, meu oráculo me alerta: – Punossasinhora, pule essa parte!