A tragédia dos mortos e acidentados do trânsito brasileiro provoca, além das perdas emocionais, um custo anual de R$ 19,3 bilhões, segundo cálculos conservadores, valor superior ao PIB de 11 capitais, entre elas Natal, Maceió e Florianópolis.
A redução de vítimas na primeira metade desta década está muito aquém da meta traçada pelo governo federal. As variações pelo Brasil são drásticas: há cidades com índices de mortes no trânsito comparáveis aos de países pobres africanos e outros equivalentes ao dos EUA.
Esse retrato da segurança viária, com dados públicos e pesquisas do Brasil e do mundo, foi preparado por consultores de gestão e economia da Falconi, que já desenvolveu projetos em 30 países e foi contratada pela Ambev, que é fabricante de cervejas.
Especialistas apontam que a embriaguez ao volante é uma das principais causas de acidentes de trânsito, ou seja, pelo menos parte dessas perdas está relacionada ao consumo abusivo de álcool.
O levantamento aponta que as 39 mil mortes de 2015 custaram R$ 11,6 bilhões aos cofres públicos, além de outros R$ 7,7 bilhões de prejuízo com tratamento de feridos. O cálculo leva em conta gastos públicos com saúde e previdência, incluindo também os ganhos potenciais das vítimas ao longo da vida.
Os critérios se baseiam em estudos do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada) e da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos), com dados do Ministério da Saúde e da Organização Mundial de Saúde.
Motos
Um alerta destacado pelo estudo é a expansão dos acidentes com motos, que, na última década, passou a liderar os veículos envolvidos em mortes no trânsito do país.
Em 2004, as mortes envolvendo motociclistas ou passageiros de motos representavam 23% dos óbitos em acidentes no Brasil. Em 2015, esse índice saltou para 39%.
No Nordeste, essa taxa chega a ser de 53% das mortes, impulsionada pela concentração deste tipo de veículo na região, 44% da frota local.
Os motociclistas são ainda 63% dos feridos por acidentes no país. Na região Norte, esse índice é de 79%.