28 de março de 2024Informação, independência e credibilidade
Fátima Almeida

Água suja da Lava Jato escorre na política alagoana

Empreiteiro chama de propina, dinheiro doado para a campanha de Renan Filho para o governo de Alagoas.

Aos poucos a água suja da Operação Lava Jato vai escorrendo pelos dutos da política alagoana. Aqui, como lá, nomes já conhecidos como Queiroz Galvão, Gutierrez, Odebrecht, Camargo Corrêa, Sivilsan, investigadas na operação, se misturam na prestação de contas de campanhas eleitorais, com cifras milionárias.

“Doações de campanha”, assim chamam os políticos e tesoureiros de partidos. Mas alguns ‘doadores’ preferem usar termos, digamos, mais claros, como “extorsão” ou “propina”, para alguns casos.

Em matéria de destaque, neste sábado (16) a Folha de São Paulo traz revelações atribuídas ao empresário Ricardo Pessoa, dono das empreiteiras UTC e Constran, apontado como líder do cartel de empresas associadas ao esquema de corrupção na Petrobras. Entre elas, a de que “as doações que fez à campanha do governador de Alagoas, Renan Filho (PMDB), no ano passado, eram parte da propina paga para manter seus contratos na Petrobras”.

Segundo a reportagem da Folha, a UTC teria investido R$ 1 milhão na campanha de Renan Filho, dinheiro que teria sido repassado ao diretório estadual do PMDB, em duas parcelas – em agosto e setembro de 2014.

Ainda de acordo com a reportagem, Renan Filho teria recebido de empreiteiras que estão sendo investigadas no esquema da Petrobras, um total de R$ 7,7 milhões – o equivalente a 40% do que gastou em sua campanha para governador.

Tudo bem, pode ter sido tudo como manda o figurino da Justiça Eleitoral. Mas o empreiteiro Ricardo Pessoa leva a crer que há controvérsias…

Veja, na íntegra, a reportagem da Folha: leia aqui

 

DOSE DUPLA

Não é a primeira vez que o nome ‘Renan’ é mencionado no caso Petrobras. A partir de citações em depoimentos reforçados pelos acordos de delação premiada, entre eles o do ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, que citou o senador Renan Calheiros, os dois alagoanos – pai e filho – entraram na lista dos 48 políticos que estão na mira da Procuradoria- Geral da República.

 

DEFESA

Lógico que todos têm seus argumentos de defesa. Renan Filho – o governador – diz que todas as doações de sua campanha foram recebidas nos conformes das exigências legais. Renan Calheiros – o senador – jura que não tem nada com isso, e até se dispôs a entregar toda a sua documentação fiscal e bancária para as autoridades que atuam na Lava Jato.

 

PREMONIÇÃO

O bom é que o cerco está se fechando, e com isso, vão se ampliando as possibilidades de saber quem está certo ou errado; quem realmente se banhou em água limpa. E cada um que prepare a sua defesa, porque, a exemplo de outros executivos presos na Operação Lava Jato, Ricardo Pessoa também fechou, na última quarta-feira, acordo de delação premiada com a PGR, e promete contar tudo o que sabe.

Algo me diz que ainda vem muita água suja por aí, para a encharcar o solo alagoano.

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