26 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Economia

Alta dependência de recursos federais coloca Alagoas na mira do TCU

Estudos apontam problemas de governança e desarticulação entre órgãos como fatores prejudiciais ao desenvolvimento social

Um ponto relevante identificado num levantamento de auditoria feito pelo Tribunal de Contas da União colocou Alagoas na mira do próprio TCU e demais órgãos de fiscalização e controle. O estudo destacou a importância dos mecanismos de transferência de renda do Governo Federal para a melhoria dos indicadores sociais do Estado, apontando a alta dependência de Alagoas e dos seus municípios em relação aos auxílios federais, principalmente na área da educação.

De acordo com o relatório do ministro José Múcio, “Tais fatos evidenciam a necessidade de uma atuação eficiente do Tribunal (de Contas da União) e demais órgãos de controle federais com vistas a induzir a criação de um melhor ambiente para o uso dos recursos públicos, e que tais recursos possam se traduzir em produtos e serviços públicos que favoreçam o desenvolvimento econômico e social do Estado”

O levantamento do TCU apontou problemas de governança e gestão entre os fatores que impedem o desenvolvimento do Estado e dos seus municípios. Esses problemas, segundo a auditoria, estão relacionados, principalmente, à baixa capacidade de investimento e às deficiências dos governos no planejamento e na implementação de políticas públicas.

Além disso, a desarticulação entre os diversos órgãos que atuam visando à indução do desenvolvimento, também foi anotada entre os fatores que emperram os avanços econômico-sociais no Estado.indica

BAIXOS INDICADORES – A auditoria identificou deficiências no capital humano em Alagoas, muitos dos quais já se conhecem: como os altos índices de analfabetismo, a baixa qualificação da mão de obra local e a baixa qualidade da educação básica oferecida pela rede pública de ensino.

Foi constatado ainda que apenas 18% dos municípios alagoanos contam com coleta de esgoto – quatro pontos abaixo do índice nordestino, que é de pouco mais de 22%, e bem longe da média nacional, que é de 48,6%.

Quanto ao abastecimento de água para a população urbana, o percentual em Alagoas é de 90,7% – superior ao da Região Nordeste (89,8%), mas inferior à média nacional, que e de 92,9%.

Uma situação ainda mais grave é relativa à coleta de lixo. O estudo aponta uma regressão nos números de cobertura domiciliar. Apenas 68,2% dos domicílios do Estado declararam possuir coleta de resíduos sólidos diretamente, de forma adequada. A média do Nordeste é de 71,6% e a nacional seria de 84,3%. “Esse indicador é de extrema relevância, à medida que fornece informações que podem ser associadas tanto à saúde da população, quanto à proteção do meio ambiente, pois resíduos não coletados ou dispostos em locais inadequados favorecem a proliferação de vetores de doenças e podem contaminar o solo”, diz o relatório do levantamento.

O trabalho compõe o FiscNordeste – que consolida as ações de controle externo relevantes realizadas em órgãos e entidades de Alagoas, com objetivo de obter uma visão abrangente sobre a situação geográfica, econômica e social do Estado, incluindo o mapeamento dos desafios locais para o seu desenvolvimento.

As informações colhidas na auditoria serão utilizadas como parâmetro na definição de áreas prioritárias em futuros trabalhos do tribunal.