27 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
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As reações e a toalha jogada na CPMI chapa branca.

Parlamentares denunciam farsa e conchavos e retiram nome da comissão de inquérito

Os conchavos que continuam dando as ordens do dia no Planalto Central, começam a provocar reações mais extremas no Congresso Nacional. A maracutaia da vez foi a nomeação do deputado Carlos Marun, indicado pelo PMDB de Temer e apontado como testa de ferro da tropa do Governo, para ser o relator da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga a relação das Empresas JBS e J&F com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e social (BNDES).

A CPMI, que também vai examinar o acordo de delação premiada entre as empresas e o Ministério Público, já começou pegando fogo. Logo cedo o Senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) tinha renunciado à vaga de titular do Bloco Parlamentar Democracia Progressista no colegiado. No decorrer da seção o Senador Otto Alencar (PSDB-BA) também renunciou à vaga na Comissão e se retirou do plenário dizendo que não participaria da ‘farsa’ e chamando o relator de “testa de Ferro” do Presidente Temer.

A revolta de Otto tomou volume ao tomar conhecimento da ida do Presidente da CPMI, senador Ataídes Oliveira (PSDB) ao palácio do Jaburu para uma reunião com o Presidente Temer no final de semana. Ataídes ainda tentou evitar a saída do colega de bancada, explicou que o assunto tratado no encontro com Temer foi sobre problemas em empreendimentos na BR-153, que liga Tocantins ao Pará, mas não houve jeito. Alencar estava irredutível e se retirou da sala soltando o verbo:

“Dentro desta farsa, desta CPMI chapa branca, eu estou pedindo a retirada do meu nome para não participar de uma CPMI dessa natureza. Não sou homem para me propor a isso, porque isso é uma farsa para fazer aquilo que o Palácio do Planalto deseja e quer. Portanto, estou pedindo a retirada do meu nome. E me retiro agora da sala envergonhado com o procedimento, tanto de vossa excelência, que foi lá ao Palácio do Planalto, como também a indicação do deputado Carlos Marun”.

E o que não falta é combustível para alimentar o incêndio interminável que é o Congresso. Não bastassem esses os problemas, a CPMI tem pelo menos 17 membros devendo explicações à Justiça e esse número pode crescer mais ainda, pois o STF tem inquéritos sob sigilo disposto no sistema da Corte. Em valores são R$ 4 milhões doados pela JBS a 12 parlamentares componentes da Comissão, segundo planilhas entregues por delatores, em maio deste ano, depois de firmados os acordos de delações premiadas.

Pergunta que não quer calar: Você lembra de alguma CPI ou CPMI que tenha dado resultado? Alguém já soube de algum parlamentar condenado por essa modalidade de “Justiça”?

Nem eu.