29 de março de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Bancos torcem para que Odebrecht não dê calote de R$ 47 bi

O prejuízo da Odebrecht em 2017 foi de R$ 2,89 bilhões e já deu calote de R$ 500 milhões em juros para investidores que compraram títulos no exterior

Os cerca de R$ 47 bilhões que os bancos brasileiros estão para receber do grupo Odebrecht, como parte de sua dívida, correm risco de não ser pagos e isso afetaria diretamente os bancos.

Sem caixa, com um prejuízo da ordem de R$ 3 bilhões e uma dúvida lançada sobre os auditores de seu balanço, a empresa deixou de pagar R$ 500 milhões em juros para investidores que compraram títulos no exterior, há cerca de três semanas. Em um ano, a empresa ainda tem outros R$ 3 bilhões em dívidas vencendo.

Os bancos temem que a Odebrecht deixe de honrar o que deve e que isso leve a um processo de vencimento antecipado de toda a dívida, levando os bancos a terem que fazer provisões para perdas que podem afetar diretamente seus lucros.

Somente os bancos públicos têm cerca de R$ 30 bilhões a receber do grupo, valor que não contabiliza possíveis avais e fianças. O BNDES é o maior credor, com R$ 13 bilhões, seguido do BB (Banco do Brasil), com R$ 10 bilhões, e da Caixa, com R$ 7,5 bilhões.

Bancos

Entre os bancos privados, os maiores credores são Itaú e Bradesco, com uma exposição de cerca de R$ 4,5 bilhões cada um. Eles estão na fase final de negociação de um novo empréstimo para a Odebrecht a ser anunciado nesta semana.

Depois vêm Santander e Sumitomo, com cerca de R$ 1,5 bilhão cada, seguidos por depois Votorantim, com R$ 800 milhões. Do total que o grupo Odebrecht deve aos bancos, a parcela que se refere à Braskem soma cerca de R$ 17 bilhões. Mas esta é a que menos preocupa as instituições financeiras, já que o braço petroquímico do grupo é considerado o ativo mais promissor.

A Odebrecht precisa de R$ 3,5 bilhões para honrar os compromissos de curto prazo, mas não vai conseguir todo esse dinheiro com Itaú e Bradesco. Esbarraram no BB. Seus executivos do BB resistem à ideia. Pesa entre eles o fato do ex-presidente do banco, Aldemir Bendine, ter sido condenado pelo juiz Sergio Moro a 11 anos de prisão por receber propinas da empresa quando comandava a Petrobras, em 2015.

Os números da Odebrecht:

Prejuízo da Odebrecht em 2017 foi de R$ 2,89 bilhões, com arrecadação com ativos vendidos em R$ 7,4 bilhões. As empresas do grupo são Atvos, Braskem, Ocyan, Odebrecht Engenharia & Construção e outras. Sua dívida bruta é de cerca de R$ 90 bilhões. Já a multa do acordo de leniência com a Braskem é de R$ 6,9 bilhões.