29 de março de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Com mais de R$ 23 milhões na Suíça, Cunha nega que contas sejam dele

Na cara de pau, ele diz que é apenas o “beneficiário” dos recursos na Suíça

Ao depor na Comissão de Ética nesta quinta-feira, 19, o presidente licenciado da Câmara afirmou que não é titular de contas bancárias no exterior e que não mentiu à CPI da Petrobras. “Não existe nenhum elemento de prova de que eu seja titular (de conta bancária no exterior). Não detenho conta em minha titularidade nem patrimônio que estivesse sob minha propriedade”, afirmou.

Cunha reiterou que não mentiu à CPI da Petrobras, em março do ano passado, ao dizer que não possuía contas no exterior. Ele repetiu que não é o titular, apenas o “beneficiário” dos recursos depositados em conta na Suíça.

De acordo com investigadores da Lava Jato, as contas atribuídas ao deputado no país europeu receberam depósitos de US$ 4,8 milhões e de 1,3 milhões de francos suíços, equivalentes a mais de R$ 23 milhões. Cunha afirmou aos deputados, nesta manhã, que constituiu um “trust” para administrar os recursos. Segundo ele, o dono do dinheiro é o “trust”, e não ele.

O presidente afastado da Câmara disse que tem interesse na “celeridade” do julgamento de seu processo e que “jamais” fez manobras para atrasar a análise de sua representação, que se arrasta há mais de meio ano. “Nunca tive qualquer interesse em sua postergação. Quero que seja célere a conclusão desse processo que tem cunho de natureza política. O julgamento aqui será obviamente de natureza política. Obviamente sofro consequências de várias questões políticas acerca dos meus posicionamentos”, disse o peemedebista.

Antes de Cunha começar a depor, o primeiro vice-presidente do Conselho de Ética, deputado Sandro Alex (PSD-PR), indeferiu questão de ordem do deputado Carlos Marun (PMDB-MS), aliado do deputado fluminense. Marun pediu o afastamento do presidente do colegiado, deputado José Carlos Araújo (PR-BA), por ter se manifestado publicamente e antecipado o seu julgamento sobre o caso. O deputado afirmou que vai recorrer à CCJ para contestar a decisão de Sandro Alex.