26 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Comandante do Exército diz que não vai punir general por defesa de intervenção

General Mourão disse em uma palestra que os militares poderão ter de “impor isso” e que essa “imposição não será fácil” sobre intervenção militar

O comandante do Exército brasileiro, general Eduardo Villas Boas, disse que não haverá punição ao general Antonio Hamilton Martins Mourão, secretário de economia e finanças da corporação, pelas declarações em que sugere a possibilidade de intervenção militar no país.

General Villas Boas sobre o general que defendeu intervenção militar: “Ele não fala pelo alto comando.”

Em palestra numa loja maçônica de Brasília na sexta (15), Mourão respondeu a uma pergunta sobre a eventualidade de uma intervenção militar constitucional. Disse que os militares poderão ter de “impor isso” e que essa “imposição não será fácil”.

“Esta questão está resolvida internamente. Punição não vai haver. A maneira como Mourão se expressou deu margem a interpretações amplas, mas ele inicia a fala dizendo que segue as diretrizes do comandante. E o comando segue as diretrizes de promover a estabilidade, baseada na legalidade e preservar a legitimidade das instituições”, disse Villas Boas em entrevista ao programa Conversa com Bial, da Rede Globo, na madrugada desta quarta-feira (20).

Perguntado se, com a declaração, Mourão não teria então quebrado a hierarquia militar, Villas Boas disse que entre as atribuições das Forças Armadas é aplicar a lei e a ordem para defesa da pátria e das instituições, o que só poderá ocorrer por requisição de um dos poderes ou na iminência de um caos. “Ele não fala pelo alto comando.”

Ditadura de 1964-1985

Sobre o período da ditadura militar (1964-1985), Villas Boas disse ainda que é “necessário entender aquele momento nas circunstâncias que haviam ali.” Para ele, o mundo, que vivia o período da Guerra Fria, passava por um período de “intensa polarização de pensamento, que levou a uma exigência da própria sociedade para que se fizesse uma intervenção”. Para o general, o Brasil teria hoje instituições sólidas que “dispensam a tutela da sociedade”.

Por outro lado, Villas Boas destacou o desenvolvimento econômico do país que houve no período. “Durante o governo militar o Brasil passou da 47ª para a 8ª maior economia do mundo”, disse. “Nós tratamos de tirar todos os ensinamentos que a história nos proporcionou e hoje tratamos de aplicar para orientar o nosso caminho”.