25 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Conselho de ética do Senado salva Aécio Neves pela segunda vez

Conselho com apoio da base aliada nega pedido para cassar senador tucano

Tal como as panelas que silenciaram no País, O Conselho de Ética do Senado decidiu nesta quinta-feira, 06, rejeitar recurso para desarquivar pedido de cassação do senador Aécio Neves (PSDB-MG). Foram 12 votos a 4.

O arquivamento havia sido decidido de forma monocrática pelo presidente do conselho, João Alberto Souza (PMDB-MA). A ação protocolada pela Rede pedia que todos os integrantes do conselho analisassem a cassação. O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), autor do recurso, disse que deve recorrer ao plenário da Casa.

Aécio Neves: ética na lata do lixo

O pedido de cassação foi baseado no artigo 5º do código de ética do Senado. Trata da quebra de decoro parlamentar:

  • Consideram-se incompatíveis com a ética e o decoro parlamentar: […] II – a percepção de vantagens indevidas (Constituição Federal, art. 55, § 1º), tais como doações, ressalvados brindes sem valor econômico”.

Aécio foi gravado pedindo R$ 2 milhões ao empresário Joesley Batista, da JBS. Um caso de corrupção explícita já denunciado ao Supremo Tribunal Federal. Por muito menos, o Senado, impulsionado pelo próprio Aécio, cassou o mandato do ex-senador Delcídio Amaral. O pedido de cassação contesta alegação do senador  de que o dinheiro seria um empréstimo pessoal.

Trechos de gravações usadas em investigações e denúncia contra Aécio foram lidos pela oposição. Entre eles, um momento em que Frederico, primo do tucano, afirma que pensou “em fazer um contrato de compra e venda de uma sala só pra andar com um documento na pasta. Não, acabei de vender uma sala, o cara quis pagar em dinheiro”. Frederico completa com a seguinte frase: ‘A tua sala lá, algum apartamento, sinal da venda de um apartamento, daí rasga a porra depois.”

Para a oposição, o trecho indica que a tese de empréstimo foi “pensada e forjada”. “O primo de Aécio, Frederico, queria um documento que pudesse justificar as transações“, afirmou o senador João Capiberibe (PSB-AP). “A gente pode fechar os olhos para isso, mas o povo não vai fechar os olhos em nossa direção.”

Aécio ganhou força com o apoio da ala governista. Os senadores dos partidos aliados ao governo no Congresso votaram a favor do tucano. “Acreditar na versão do Ministério Público é injusto. Qualquer um pode ser investigado, não há demérito em ser investigado, o demérito é ser condenado“, afirmou o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR).