25 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
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Considerado ganhando uns trocados com muamba do Guaíba e o queijo “Oião”

Dessa sua turma eu só gosto mesmo daquele doutor do novembro azul

O Natal está chegando e nessa época, invariavelmente, o queijo do reino é vendido em grande escala nos supermercados alagoanos. Mas, não só lá. O Considerado, por exemplo, costuma faturar uma grana extra, vendendo um queijo do reino a amigos. Consegue de um colega dele atravessador, mais conhecido como “Guaíba”.

Considerado vende queijo, uísque, bacalhau e até filé de Tilápia, que pega em consignação do atravessador. Bem relacionado, nosso amigo tem uma clientela seleta. Advogados, marajás da Assembleia Legislativa, delegados, magistrados, fazendeiros, médicos, procurador, executivo das telecomunicações, comerciantes e até genros famosos, que, muitas vezes, pagam com o cartão das sogras.

A clientela é boa por que o preço é bem abaixo do mercado. Como a humanidade gosta de levar vantagem em tudo, nenhum cliente dele procura saber a origem do produto. Pelo contrário, compram e recomendam atestando a qualidade da muamba.

Na semana que passou ele pegou com o “Guaíba” um lote de produtos e foi anunciar para a clientela. Final de ano, muita confraternização, brindes de lado a lado, um uísque vai sempre bem. Um queijinho então, nem se fala. No lote que recebeu veio um queijo do reino de marca diferente, um produto novo. Na sua carteira de cliente um marajá da Assembleia, conhecido como “Oio de Jeep” é um dos maiores consumidores do produto. Compra pra comer, presentear e até fazer farra com amigos, no bar do Lula, do Gabi ou no Grutinha.queijoreino

Sem saber ao certo como seria a receptividade do novo produto, ele deu uma lata (tipo Jong) para o marajá fazer uma degustação em sua roda de amigos. Entrega feita, produto provado. Curioso e aflito, Considerado quis saber o que a turma achou do queijo?

-E aí “Oio de Jeep”, o queijo é bom?

-Oio de Jeep é a minha “papa-vento”!

-Calma, amigo, eu só quero saber do queijo.

-Tudo bem, mas me respeite! E pode vender essa muamba…

Como não ficou convencido, levou outra lata para a casa da avó. Dona Nildinha estranhou o queijo de rótulo estranho. Mas resolveu provar para ajudar o neto ganhar os trocados de fim de ano.

-Afinal meu neto que queijo é esse?

-Queijo do reino…

-E de onde vem?

-Deve ser de Minas, como todo queijo do reino que eu conheço.

-Pois é. Esse ninguém conhece. Onde arranjou?

-Com o Guaíba, aquele que é amigo do Batoré.

-Só podia ser… Olhe, dessa sua turma eu só gosto mesmo daquele seu coleguinha, doutor do dedão, que fez o novembro azul em você.

–Esse é o pior de todos vó. Compra e não paga. A não ser quando a sogra libera o cartão.

– É mais eu estou parada naquele dedo… Da próxima vez que for pra ele me leve.

Que foi que eu fiz pra ter uma vó tão depravada?

-Depravado é você e essa sua corja que vive querendo levar vantagem em tudo, com muamba sabe-se lá de onde… Até ovos esses seus amigos estão pirateando.

-Os ovos são do Pastor, um produtor famoso lá de Joaquim Gomes.

-É. Sem nota fiscal vende ovos, porco, papagaio, periquito e depois falam dos políticos. Quer saber, PT saudações.

-Vó meus amigos nunca lhe fizeram mal.

-Cada amigo lorde você tem. Batoré, Oio de Jeep, Fofa Chão, Beleboi, Monge, Gabiru, Manguito, Purê… Isso é qualidade de gente?

-Deixe para lá e fale do queijo?

-Acho que só quem vai comprar mesmo é o Monge que leva tudo sem reclamar.

-Estou falando sério, dona Nildinha…

-Um queijo sem marca, sem nome, quem foi  dessa elite que gostou?

-O Oio de Jeep.

-É aquele dos olhos grandes e aposentadoria recheada?

-Ele mesmo.

-Então, faça-lhe uma homenagem e batize de “Queijo Oião”…