26 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
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Considerado, o piscineiro e a turma do Cepa, depois da Zica

keep-calm-and-vtnc-3Virgem Maria, ele voltou. Pensei até que estivesse preso em algum lugar. Mas pelo que disse logo na entrada, o cara ficou no estaleiro por causa da “zica”. A mãe não aguentou a figura por tanto tempo e o largou na casa da vó.

Mas, nosso amigo Considerado voltou meio traumatizado. O problema é que nunca conheceu o pai e na casa da vó passou fazer uma investigação. Tentou de todas as maneiras saber da velha quem foi o responsável  por colocar tamanha figura neste mundo.

Não descobriu muita coisa. Soube apenas que o pai estudou no Cepa nos anos 70. Escola Moreira e Silva. E que a mãe tinha um ciúme brabo das moças bonitas que lá estudavam.

Ciúmes, sobretudo, de uma turma lá formada por Neide Agra, Sônia, Socorro, Lucia Vanda, Vânia Amorim, Ana Helena, Euce, Lourdinha, Ofélia e vai por aí.

Descobriu que o pai vivia no meio de uma turma de machos formada por Edmundo, Carmine Milito, Robson Rodas, Robson Alcântara, Brício, Arnaldo Fontan, Pedro Paes, Rogério, Pedro e Paulo Quintella, Marão, Brasil, Marinho, Lula Bonaparte, Correia, Marçal e Nêgo Plínio.

– Será que um desses é seu pai Considerado? Perguntei claro. – Não sei e nem quero saber.

Ora, o cara foi perturbar a vó querendo saber e eu me propus a ajudar: – Nessa turma também tem um amigo nosso que hoje é delegado de policia, o Oldemberg. Se quiser eu peço a ele para investigar.

Considerado fechou a cara: – Não se meta não Pequeno Polegar. Deixa-me ser quem eu sou.

– E quem você é?

– Um filho sem pai.

Passei a olhar direito pra ele e vi uma mistura: – Amigo acho que você tem o cabelo do Brasil, as orelhas do Marinho, os olhos do Nêgo Plinio, o sorriso do Milito e o braço forte do Marão.

– Já disse que deixa eu ser quem eu sou.

Depois disso retirei o meu time de campo.

Mas, a vó disse-lhe que nessa época entraram na turma dois rapazes que haviam sido expulsos de um colégio interno em Garanhuns. Eram amigos, mas viviam brigando. Foram apelidados de Dener e Clodovil.  E Considerado ficou encucado com um deles.

Dener era um jovem de fino trato. Clodovil era explosivo, ranzinza, grosso feito lixa número oito. O primeiro, estudioso, formou-se em medicina e se tornou um político famoso no Estado. Hoje mora no Aldebaran.

Clodô, para os íntimos, foi vendedor de peças de automóveis, bombeiro de posto de gasolina, ajudante de cozinha e avaliador da justiça. Hoje tem um restaurante e abriu, recentemente, uma petiscaria. Por ter sido avaliador tem a mania de querer corrigir o português dos fregueses.  Até bem pouco tempo morava no entorno do Aldebaran. Há um mês foi morar dentro do condomínio Beta.

Na semana passada, Dener estava fazendo a caminhada costumeira e se surpreendeu com a figura do velho amigo que não via há anos. Clodô estava com um balde de cloro e escovão nas mãos, tentando limpar a piscina. O amigo, vestido em uma bermuda branca, short azul, tênis vermelho e meia soquete verde viu a cena e reconheceu o velho camarada.

– Clodô é você mesmo?

– Não é o papa Francisco.

– Amigo, há quanto tempo.

– Não acho, por que não senti sua falta.

– O que está fazendo aí?

– Você não está vendo não?

– Você é o dono da casa?

– Não sou o piscineiro!

Meu Deus você não perde essa mania de ser grosseiro. Desde o Cepa.

– Você vem com pergunta idiota.

– Se você é o piscineiro vá limpar a minha.

Foi o bastante pra ouvir o velho e sonoro: –  V T N C!