28 de março de 2024Informação, independência e credibilidade
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De boa? Nada de bom!!! A hora de discutir reajuste do transporte público

Se a tarifa for corrigida pelo INPC, como querem os empresários, uma família de cinco pessoas, que ganha dois salários mínimos, vai comprometer no mínimo 30% do orçamento doméstico com transporte.

Coisa boa é a democracia; é poder levantar da cadeira e ir à luta. E é com esse espírito que os movimentos estudantis preparam o rebate contra o anunciado aumento de passagens dos transportes públicos em Maceió. É o que se espera.

Já houve manifestações de lideranças estudantis, de que o reajuste não vai ser aceito assim, de goela abaixo, no silêncio e na passividade. Eles prometem se mobilizar e, pra começar, querem uma audiência com o prefeito Rui Palmeira e representantes da gestão de transportes do município e uma auditoria nos custos do serviço.

A intenção de uma reunião nesse sentido já foi, inclusive, citada pelo prefeito, mas até agora, sem hora, nem data,  e não se tem notícia de que algum representante da sociedade e dos movimentos estudantis tenha sido convidado – corrijam-se se estiver errada.

Maceió já cobra um dos maiores preços pelo serviço de transporte público – o terceiro mais caro do Nordeste – sem que haja um diferencial que justifique essa posição. E na atual conjuntura, o aumento da tarifa vai de encontro à realidade econômica do pais, com efeitos no bolso dos estudantes e da classe trabalhadora, que já se vêm às turras com o aumento absurdo e desenfreado que afeta o orçamento doméstico em outros itens, como os alimentos.

Certo que o outro lado da moeda tem também seus argumentos – todos embasados na força da mesma palavra: inflação (embora os números oficiais digam o contrário) – e destacam a necessidade de manter o equilíbrio financeiro do sistema de transportes urbanos da capital. É justo. Mas, convenhamos, um dos principais itens que pesam na planilha de custos, o combustível, andou tendo baixas sensíveis nas bombas, nos últimos meses de 2016, em Maceió.

E mesmo após o anúncio de reajuste dos preços, no mês de dezembro, está abaixo dos picos registrados no ano passado, quando o litro da gasolina beirou a margem dos R$ 4,00, sendo acompanhada de perto, nas altas e baixas, pelos demais combustíveis, entre eles o diesel, que abastece os transportes públicos. Para enxergar isso, não precisa de nenhum medidor científico. Está à vista, nos postos de distribuição.

Segundo a Agência Nacional de Petróleo, o preço médio do diesel em Maceió, na semana de 8 a 14 deste mês de janeiro, está em R$ 3,09, menos que o preço da passagem de ônibus, que na capital alagoana custa R$ 3,15, valor que começou a vigorar a partir de 10 de janeiro de 2016 tornando Maceió a terceira capital do Nordeste com a maior tarifa de trasporte urbano.

A nova tarifa ainda não foi anunciada. Em dezembro, as passagens intermunicipais aumentaram 13, 65%. Nem sempre o parâmetro é o mesmo. Mas se considerar como indexador o Índice Nacional de Preço ao Consumidor (IPCA), pode chegar a R$ 3,35, em Maceió. É o mínimo que os empresários devem pedir. Aliás, em janeiro do ano passado, eles já defenderam esse valor.

Vai doer no bolso. Se ficar nesse patamar, numa família com cinco pessoas – casal e três filhos em idade escolar – com renda de dois salários mínimos (R$ 1.874), por exemplo, mesmo considerando a meia tarifa para os estudantes, vai gastar, em média, por mês, R$ 513 (R$ 147 por adulto e R$ 73 por filho), tomando como base 22 dias úteis na semana e dois transportes por dia para cada um. Isso significa cerca de 30% da renda familiar só com trasporte para o trabalho e a escola.

É PESADO!  Ou não é?