19 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Deputado cobra ações efetivas para combater violência contra mulheres negras

Alagoas ocupa o terceiro lugar no Mapa da Violência 2015 em homicídios contra as mulheres

Depois de tomar conhecimento da pesquisa sobre a violência contra as mulheres negras, o deputado federal Paulão alertou a Secretaria Nacional dos Direitos Humanos, para a necessidade de se realizar ações mais eficazes no combate ao que chamou “excrescência social”.

Segundo ele, são as mulheres pobres e negras a vitimas da violência desmedida. Lamentou que o Estado de Alagoas seja um dos mais violentos no País neste quesito.

O deputado destacou que de acordo com a pesquisa, no  momento em que diversas mulheres saem em defesa dos próprios direitos, seja nas ruas, seja nas redes sociais, o Brasil é o quinto lugar no número de feminicídios em um ranking com 83 países.

Paulão: mais ação contra violência.
Paulão: mais ação contra violência.

De acordo com o Mapa da Violência 2015, elaborado pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), entre 1980 e 2013, o número de homicídios de mulheres aumentou 252%, passando de 1.353 assassinatos para 4.762 casos. As mortes têm cor e local. Mais de 55% dos crimes ocorrem dentro de casa e 66,7% deles são contra negras.

Segundo os dados, as mulheres negras são as mais vulneráveis: entre elas, a vitimização cresceu 54,2% de 2003 a 2013, enquanto o homicídio de mulheres brancas caiu 9,8%. O pesquisador Julio Jacobo Waiselfisz, coordenador do programa de estudos sobre a violência da Flacso Brasil, acredita que a tendência é de que o índice de feminicídios de negras piore. “A distância entre a mulher negra e a branca aumenta drasticamente nos anos que analisamos. Há uma letalidade muito selecionada: negra, pobre, da periferia, com baixa escolaridade e que não tem benefícios sociais”, alerta.

Dos feminicídios analisados, mais da metade aconteceu dentro da casa da vítima, e um terço deles foi cometido por parceiros e ex-parceiros. “A partir dos 15, 16 anos, começa a aparecer a figura do namorado ou marido, que se converte no algoz dessa mulher. Isso marca os níveis de feminicídio”, esclarece Jacobo. A região do país com a maior taxa de homicídios em 2013 é a Centro-Oeste, com 7 mortes a cada 100 mil habitantes. Em segundo lugar, está a Norte, com taxa de 6,1 pelo mesmo grupo, seguido pelo Nordeste (5,6), Sul (4,2) e Sudeste (3,8).

O especialista ressalta que a mulher ainda sofre com a culpabilização pela violência. “A mulher morre pelo fato de ser mulher, por não ter cumprido com um papel que lhe foi designado socialmente.” Além da cultura do machismo e do ódio, Jacobo aponta como fator preocupante a noção de posse, de que elas são patrimônio, o que leva à violência doméstica, cometida por pais, filhos e maridos. “Há uma real inconsciência desse patrimonialismo: é natural que ela seja subordinada, como se não pudesse existir outra forma de relação. E assim aparecem vários mecanismos que culpabilizam a vítima. Se a mulher é estuprada, provocou; se é morta, não fez o que se espera de uma esposa.”

Em Alagoas – O estudo “Mapa da Violência 2015: Homicídio de Mulheres”, mostra ainda que Alagoas ocupa o terceiro lugar no País em taxas de homicídios violentos contra as mulheres, com um índice de 8,6. O primeiro lugar é o Estado de Roraima.

Unidades da Federação Taxas em 2013
Roraima 15,3
Espírito Santo 9,3
Alagoas 8,6
Goiás 8,6
Acre 8,3
Paraíba 6,4
Rondônia 6,3
Ceará 6,2
Mato Grosso do Sul 5,9
Bahia 5,8
Mato Grosso 5,8
Pará 5,8
Tocantins 5,7
Distrito Federal 5,6
Pernambuco 5,5
Rio Grande do Norte 5,3
Amazonas 5,3
Amapá 5,3
Paraná 5,2
Sergipe 5,1
Rio de Janeiro 4,5
Minas Gerais 4,2
Maranhão 3,8
Rio Grande do Sul 3,8
Santa Catarina 3,1
São Paulo 2,9
Piauí 2,9
*Homicídios de mulheres por 100 mil mulheres

Nenhuma capital aparece no ranking das 100 cidades com maiores taxas. A primeira capital na lista é Maceió (Alagoas), em 126º lugar, que registrou uma taxa de 9,8% homicídios de mulheres por 100 mil. Para o deputado Paulão tudo isso é muito triste, por que revela a inoperância da capital nas relações com as políticas públicas de proteção à mulher.