25 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
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Desorganização: Educação leva anos para emitir uma simples informação

No antigo prédio da Rua Barão de Alagoas, hoje entregue aos cachorros, documentos se perderam e viraram lixo e entulho.

Muitos documentos se perderam ou viraram lixo
Muitos documentos se perderam ou viraram lixo

Falta de organização e respeito vêm afetando pessoas que necessitam de informações e documentos na Secretaria de Estado da Educação.

A queixa é feita por diversas pessoas que aguardam meses, anos até,  por uma simples informação sobre tempo de contribuição previdenciária, para fins de aposentadoria. Uma ex-servidora que preferiu não ser identificada espera há quase um ano por resposta a um pedido de informação complementar para emissão da Certidão de Contribuição.

O processo, originário do Alagoas Previdência, foi encaminhado à Educação em julho de 2015, à diretoria de Recursos Humanos, e até hoje jaz no gabinete do secretário, sem nenhum avanço, e nenhuma satisfação à interessada.

É o caos e a total falta de respeito com quem depende desse tipo de informação do serviço público.

A servidora já pensa que sua documentação funcional possa ter se perdido entre os papeis que viraram lixo e foram descartados na calçada do prédio abandonado da Rua Barão de Alagoas, onde funcionava a sede da secretaria, como mostramos em reportagem deste site, em julho de 2015 – (https://eassim.com.br/educacao-jogada-no-lixo-documentos-viram-entulho-na-calcada-da-secretaria/)

ENTREGUE AOS CACHORROS

Aliás, pelo jeito o Estado resolveu mesmo adotar a postura de Pilatos em relação ao destino do prédio antigo, que por muitos anos abrigou a sede da Secretaria da Educação, no bairro do Centro, em Maceió.

Cachorros permanecem na Secretaria (Foto Ricardo Lêdo - cortesia)
Cachorros permanecem na Secretaria (Foto Ricardo Lêdo – cortesia)

Lavou as mãos e deixou, literalmente, entregue aos cachorros e à ação do tempo.

Os mais de 50 animais abrigados no local (mostrados por nós em reportagem no início de janeiro), continuam lá e, aparentemente, em número cada vez maior. Na época, a Secretaria da Educação informou que tinha um projeto de recuperação  do prédio, que começaria nas semanas seguintes; chegou a acionar a polícia para desocupar o imóvel ocupado pelos cachorros, mas o responsável pelos animais disse que só sai de lá depois que falar com o governador Renan Filho.

E manteve os animais no local, respaldado na moral que o desleixo do Estado lhe confere.

ABANDONO TOTAL

A bem da verdade, o problema não está nos cachorros. Mas no que a presença deles denuncia: o abandono a que o Estado relegou o prédio que traz em si histórias valiosas da Educação alagoana.

Fechado desde 2012, o imóvel grita por restauração. Parte da sua estrutura física já desmoronou, transformando em entulho livros, documentos e história. Os planos revelados pelo secretário da Educação, Luciano Barbosa, de recuperar e transformar o local num centro de referência em ensino técnico, não passou de uma ideia.

O prédio continua em situação de total abandono. A única vigilância no local é a dos cachorros. E a única obra que tem avançado é a ação do tempo.

Talvez seja mesmo essa a estratégia do Governo: Deixar que o tempo implacável se encarregue de fazer o serviço sujo, de desmoronar a estrutura física do prédio histórico. Assim, deixando que o prédio se destrua por si, livra-se de um problema incômodo, que envergonha e causa indignação.

Mesmo que isto signifique a destruição de parte importante da memória da Educação alagoana.

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