26 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
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Doquinha, a paixão fugaz da avó do Considerado. Pense numa velha…

Uma homenagem do Pequeno Polegar ao grande Doquinha Aguiar

Considerado estava em depressão. Ele, avó, a mãe, enfim a família inteira deprimida. A causa foi a morte de um amigo deles. Doquinha. O Dário Aguiar, filho de seu Graça, lá de Bebedouro. Um homem de bem. Tinha o perfil conservador, de valores tradicionalíssimos. Nessa cacaterística, nada a ver com nosso amigo. Mas acabaram se gostando.

Acontece que o Considerado gostava do velho Doquinha pelas histórias de valentia que ele contava dos seus tempos de juventude. Fora amigo de uma série de “famosos do gatilho” desta terra.

Na reta final da vida, os amigos passaram a ser os famosos de copo, conhecidos por Fofa Chão, Pastor Sifrão, Gabiru, Batoré, Manguito, Zoião, Coleguinha, Sargento Garcia, Puré, Monge Wladir, Língua Colada, Biu Bezerros, Beleboi e Magistrado Baden-Baden.

Doquinha tinha um “cumpadre quelido” que o apresentou a dona Nildinha, avó do Considerado. A velha, que gosta do sassarico, logo arrastou as asas para cima dele. Elogiava o chapéu de cowboy e o bigode ruivo. Não deu outra. A paixão foi arrebatadora.

Só que o compadre sempe avisava: – Olhe não dê trela pra essa velha que ela é o cão. Conheço uns quatro que não aguentaram o ritmo dela.

-Deixe comigo. – Foi a resposta do novo “latim lover” de Nildinha.

Segundo o compadre, o romance intenso foi fugaz. Durou seis meses. Até o dia em que ela resolveu acompanhar o neto ao médico. Considerado com uma crise hemorróidas foi a um especialista indicado por Doquinha. O doutor Coleguinha era uma espécie de amigo irmão dele. No consultório, a velha não perdeu tempo depois de se encantar pelo homem de jaleco branco. Conhecendo a avó e com pena do velho amigo, o rapaz chamou a atenção:

-Vó pare com isso, a senhora não tem mais idade para se insinuar desse jeito.

-Não estou fazendo nada. E idade para quê?

-Mesmo sem idade, a senhora também tem um namorado. Respeite ele.

-Tem mais nada a ver. O Doquinha agora só quer namorar o copo.

-Então acabe, mas não fique de presepada.

-Não estou de presepada. Eu soube que ele se encantou pela irmã do meio de um tal de Monge.

-Seria bom, por que a senhora não é nenhuma santa mesmo.

-Só por que eu dei uma olhadas pra esse médico bonitão?

-Por que a senhora já é velha e o Doquinha não merece.

-Velha é tua mãe que não arranja ninguém.

-A senhora parece uma adolescente ninfomaníaca.

-Meu filho eu estou viva e um médico com um dedo deste tamanho é meu sonho…

-Coitado do Doquinha vai entrar na “gaia”…

-Quem sabe, se o Coleguinha dele quiser…

-Desse jeito vó, só tinha um cara pra lhe acertar.

-Quem é?

-Zoião Papavento. Aí a senhora ia ver o que é bom pra tosse.

-Manda ele pra mim meu filho…

 

(P.S. – Que o Doquinha esteja em paz onde estiver. Era uma grande figura)

 

 

 

 

 

 

 

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