19 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Bleine Oliveira

Em Alagoas a morte tem dia e alvo preferidos

Jovens com idade entre 19 e 27 anos são as maiores vítimas da violência. Foto: internet

Os números da Segurança Pública sobre a violência em Alagoas podem servir a um estudo sobre nossa realidade, com caráter científico. Talvez faltem algumas informações, mas o que está retratado merece ser analisado sob vários aspectos, especialmente o sociológico.

O último relatório sobre os crimes violentos letais e intencionais registrados nos três primeiros meses deste ano, divulgado nesta terça-feira, 18, mostra, por exemplo, que o domingo é o dia em que mais se mata. Das 600 mortes registradas em Alagoas entre janeiro e março último, por exemplo, 118 foram registradas num domingo.  O sábado entra na lista como o dia com o segundo maior número de mortes: foram 92.

O dia da semana em que menos se matou em Alagoas nestes primeiro trimestre foi a segunda-feira (73 assassinatos).

Os homens são os que mais morrem. Das 600 mortes registradas, 93.3% foram pessoas do sexo masculino, contra 6,7% do sexo feminino.

Arma de fogo (revólver e pistola) é a mais utilizada (78,3%); seguida de faca (9.8%), a chamada arma branca, e espancamento (6,3%).

A maioria dos assassinatos é praticada em locais públicos (54%); seguidos da casa da vítima e suas imediações (40.3%). Somente em 4,5% dos registros as mortes ocorrem em locais ermos.

Confirmando uma estatística já analisada por sociólogos e outros estudiosos da violência no País, em Alagoas homens jovens são as principais vítimas dos assassinatos. Dos 600 mortos até março último, metade (50%) tinha entre 19 e 27 anos. O segundo maior número (23%) está na faixa entre 30 e 45 anos de idade; seguido de adolescentes (14.07%) com idade entre 12 e 17 anos.

Os pardos (76.5%) são os que mais morreram em Alagoas vítimas de crimes violentos letais e intencionais neste primeiro trimestre. A Secretaria de Segurança Pública (SSP/AL) usa os mesmos termos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para configurar um dos cinco grupos de “cor ou raça” que compõem a população.

Conforme esse critério, as estatísticas de 2017 revelam que 13.5% dos mortos são brancos.

O trabalho, divulgado trimestralmente, é feito peloo Núcleo de Estatística e Análise Criminal (NEAC) da SSP.

Os números são coletados e analisados com base no Sistema de Gerenciamento Operacional Unificado – SisGOU, que registra os crimes violentos, priorizando os chamados Crimes Violentos Letais e Intencionais (CVLI). Nesse meio de coleta entram homicídio doloso, roubo seguido de morte (latrocínio), lesão corporal com resultado morte, resistência com resultado morte e outros crimes violentos contra a pessoa que resultem em morte.

As estatísticas trazem informações curiosas sobre vítimas e agressores, dados que podem perfeitamente ser tema de debates, mesas-redondas, fóruns, seminários e quaisquer outras formas de discussão e análise. Estão ali informações que merecem a atenção de professores nas escolas públicas e privadas.

São dados que podem nortear debates em sala de aula, ajudando a conscientizar adolescentes e jovens sobre o que está acontecendo nas ruas.