Quem, quando criança, não passou as festas natalinas pensando no presente que iria receber do Papai Noel? Mesmo os que sabiam ou desconfiavam que o bom velhinho era, ninguém mais, ninguém menos que o pai ou a mãe, a fantasia e a ansiedade alimentava a expectativa pelo presente de Natal.
A tradição nascida no norte europeu tornou-se praticamente universal e atravessou gerações, alimentada pelo mesmo intuito de presentear alguém querido; de fazer a alegria da criançada. Mas hoje, fomentada, principalmente, pelo consumismo, a imagem do bom velhinho, inspirado no espírito de bondade, generosidade e caridade de um religioso nórdico que deixava presentes na porta da casa de famílias pobres, parece estar perdendo o foco do verdadeiro sentido – a solidariedade. E muitas famílias nem lembram que o Natal significa nascimento; a vinda ao nosso mundo do Menino Rei; do nosso mestre Jesus Cristo.
Estamos nos tornando secos de sensibilidade e nos contaminando pela intolerância. A mesma que levou um grupo de crianças e adolescentes da cidade de Itatiba (SP) a atacar com pedradas um Papai Noel voluntário, que desfilava de trenó pelas ruas do bairro Porto Seguro, distribuindo doces para os moradores. Foi só as guloseimas acabarem, para a fantasia dar lugar à realidade de um mundo violento e intolerante, que não ousa mais sonhar. As crianças expulsaram o Papai Noel a pedradas.
Os voluntários da boa ação não tiveram ferimentos no corpo – apenas na alma – que aprendeu, a duras pedras, que a intolerância e o ódio estão suplantando o amor e a solidariedade, até mesmo no Natal.
Só nos resta pedir a Jesus que faça renascer a força e a fé nos homens e mulheres de boa vontade. E aos que se deixaram contaminar pelo ódio e a pela intolerância, sejam eles adultos ou crianças, resta-nos elevar um prece com as mesmas palavras de Jesus: “Pai, perdoai-lhes, eles não sabem o que fazem”.