19 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Empresário denuncia Eduardo Cunha por perseguição e corrupção

Segundo o empresário, os ataques a seu grupo tiveram início há sete anos e tem se intensificado com as investigações da Lava Jato.

O presidente do grupo Schahin, o empresário Milton Schahin fez acusações contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), em entrevista concedida ao jornal O Globo em seu escritório na Avenida Paulista, em São Paulo. “Sem rodeios”, diz a reportagem, Milton disse que Cunha tem patrocinado um esquema de perseguição às suas empresas, em crise financeira desde que foram citadas na Lava Jato.

Cunha lança mão de métodos de corrupção, relata Milton, para patrocinar a ofensiva contra seu conglomerado de empresas. Segundo o empresário, a ação é orquestrada pelo também empresário Lúcio Bolonha Funaro, com apoio de um grupo de parlamentares aliados ao peemedebista. Cunha nega o relato, diz o jornal  O Globo.

A reportagem diz que Cunha morou em flat, em Brasília, que pertence a Funaro – que diz falar apenas com o Judiciário ou com a polícia sobre o caso. Ele admitiu, no entanto, ter procurado congressistas para apresentar denúncias contra o grupo Schahin. Segundo Milton, os ataques a seu grupo tiveram início há sete anos, e tem se intensificado com as investigações da Lava Jato. O poder político de Cunha, continua, é que dá esteio para que Funaro se debruce sobre as atividades do conglomerado, com o intuito de sabotá-lo. Não por acaso, Funaro é o principal desafeto de Milton.

O jornal fluminense informa que, na Câmara, uma série de requerimentos foi apresentada na CPI da Petrobras por deputados ligados a Cunha, todos com pedido de providências a respeito das atividades do grupo Schahin. Perguntando sobre a razão de tanto foco nas suas empresas, Milton foi direto ao ponto:

“Vejo como pura sacanagem do Funaro. Agora você me pergunta: como o Funaro pode ter tanta força? Porque o Eduardo Cunha está por trás. Temos uma pendência muito grande com Funaro, e a ligação de Cunha com ele é muito conhecida. O que é estranho é a Câmara se meter na briga entre duas empresas. O que deputados têm a ver com uma disputa judicial entre empresas?”, intrigou-se o empresário.

O jornal informa ainda a briga entre Milton e Funaro teve início em 2008, quando a construtora Schahin foi contratada para construir a PCH (pequena central hidrelétrica) de Apertadinho, em Rondônia. Formou-se um consórcio com a EIT, e entregou-se a obra. Mas a barragem rompeu, provocando danos ambientais e desalojando cerca de 200 famílias, preventivamente orientadas a deixar suas moradias. Uma longa briga judicial seria iniciada a partir do episódio, continua a reportagem.

“O acidente causou uma longa briga judicial. Funaro, que representava a empresa Gallway, contratante do empreendimento, teria, na versão de Milton Schahin, prontificado-se a mudar a seguradora da obra, ainda quando o serviço estava sendo executado. A seguradora foi alterada, mas, segundo Schahin, o seguro não foi pago – informação contestada por Funaro. Com o rompimento da barragem, Funaro foi cobrar a Schahin pelo prejuízo. A empreiteira alega que a causa do acidente foram falhas no projeto, fora da responsabilidade dela. Teve início uma disputa judicial que, segundo cálculos do próprio Funaro, está acima de R$ 1 bilhão”, detalha o texto, assinada pelo repórter Chico de Gois.