25 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Empresas da Lava Jato demitiram 600 mil trabalhadores em 3 anos

Dados foram revelados em pesquisa realizada pelo jornal Estado de S. Paulo

Um levantamento realizado pelo jornal Estado de S.Paulo diz que as maiores empresas investigadas na Lava Jato demitiram quase 600 mil trabalhadores entre o final de 2013 e2016.  A pesquisa levou em consideração funcionários diretos e terceirizados.

Além do cerco das investigações, também são apontados como responsáveis pelo encolhimento no número de postos de trabalho dessas empresas a recessão e a queda do preço do petróleo e dos gastos do governo.

Mas o impacto desse conjunto de fatores também se refletiu no fechamento de vagas indiretas. De acordo com a reportagem, empresas do setor de óleo e gás, como a Petrobras, foram atingidas pela redução da cotação do petróleo, hoje próxima de US$ 50. Só a Petrobras demitiu 259.907 funcionários no período de três anos. Dos 446.291 que trabalhavam para a estatal em dezembro de 2013, apenas 186.384 resistiam na companhia em dezembro de 2016.

Já as grandes construtoras tiveram de lidar com o alto endividamento da população, que deixou de comprar imóveis, e com a conclusão – ou interrupção – de projetos de infraestrutura, diante da deterioração das contas do governo.

Os 600 mil postos de trabalho fechados apenas nessas dez empresas citadas na Lava Jato equivalem a 5% do total de pessoas que entraram na fila do desemprego entre 2013 e 2016, que foi de 11,2 milhões de pessoas.

Empreiteiras como a Queiroz Galvão, a Engevix, a OAS e a Mendes Júnior estão entre as que pediram recuperação judicial, assim como a Sete Brasil, empresa criada pela Petrobras para a construção de sondas de petróleo. A Engevix, por exemplo, viu seu quadro de funcionários diminuir 85%: caiu de 20 mil para 3 mil em apenas três anos.

Em entrevista ao jornal, o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires, os cortes também se justificam por projetos de expansão baseados em previsões pouco realistas. Na avaliação dele, após a descoberta do petróleo do pré-sal, instalou-se um clima de euforia que levou à tomada de decisões de governo e de negócio sem sentido econômico.