18 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Expedição Mundo Mangue teve Alagoas como rota

Rusty de Sá Barreto é diretor de um dos únicos Ecomuseus do Nordeste e passou por Alagoas para acompanhar a situação e conscientizar sobre os manguezais

Alagoas está na rota da segunda Expedição Mundo Mangue. Capitaneada pelo ambientalista e coordenador do Ecomuseu Natural do Mangue, Rusty de Sá Barreto, a expedição tem como principais objetivos divulgar a importância deste ecossistema e conquistar o interesse de moradores locais para a preservação ambiental. Um trabalho que vem sendo feito com muita dedicação por Barreto.

“O mangue é discriminado por ser escuro, ter cheiro característico e ter difícil acesso. Mas como berçário da vida marinha, é empolgante apaixonante e ao conhecê-lo melhor, você não tem como não amar”, afirma o pernambucano que há 17 anos dedica seu foco para o ecossistema que, em suas palavras É Assim, é “importante para vida marinha e humana também”.

Foco no mangue

Nascido em Timbaúba, interior de Pernambuco, Rusty teve sua atenção chamada pelos manguezais ainda eu sua infância, no bairro de Imbiribeira, na capital Recife. Ao lado do bairro fica o Parque dos Manguezais, uma zona especial de proteção ambiental. E quando morou em Alagoas, passou a conhecer melhor este ecossistema. E o foi estado de preservação do meio que chamou sua atenção.

Diante do descuido e maus tratos que as regiões normalmente sofrem, Rubens sentiu que precisava tomar à frente, como cidadão, um papel para melhor cuidar do mangue. “São muitos degradando e poucos cuidando”, diz ele que há 17 anos criou o Ecomuseu no Estado do Ceará, onde hoje mora e é dono de bar da praia da Sabiaguaba.

Sendo o único Ecomuseu de Fortaleza e um dos poucos do Nordeste, o Natural do Mangue oferta para a população atividades educativas a fim de conhecer o ecossistema da região e conscientizar sobre a importância da área. Além disso, o equipamento também possui um acervo de mais de 200 peças de animais, como carcaças de caranguejo, peixes ressacados, cabeças de tartarugas entre outros.

As atividades ofertadas pelo Ecomuseu consistem em caminhadas e passeio de canoas. A trilha percorrida pelos visitantes é de 1,5 km, com direito a 12 paradas. “Somos uma Organização Não Governamental (ONG) que trabalha com educação ambiental, pensando nas futuras gerações” E tudo começou de maneira simples: com ele e sua mulher alertando às pessoas a não colocar o lixo na faixa de areia da praia ou no mar.

Expedição Mundo Mangue

Iniciada no dia 8 deste mês, esta é a segunda Expedição Mundo Mangue, sendo a primeira que passa por Alagoas. Tendo seu ponto de partida no Ceará, lar do museu que já tem 17 anos, ela passou por João Pessoa, onde foi observada a situação local. Um dos maiores objetivos é encontrar iniciativas cidadãs, entre os locais, para contribuir no ecossistema, visto que, segundo Barreto, há uma carência por parte dos órgãos.

“Em João Pessoa, na Cidade do Conde, há um casal do Clube de Aventura muito engajado. Moradores próximos são ideais para preservação”, diz Rusty, que tem em Recife um exemplo drástico do que pode ser o descuido com os mangues: o ataque dos tubarões.

“Em Boa Viagem há um grande descaso, uM péssimo histórico no ecossistema, desde a implementação do Porto Suape”, afirma ele. O Complexo Industrial Portuário de Suape, segundo o ambientalista, prejudicou o manguezal da região. Usado para o período de desova e alimentação pelos tubarões, a falta de preservação no mangue levou os grandes peixes em direção à orla, onde atacam os banhistas. “Eles nem gostam do saber de seres humanos, mas foram levados para lá pois desmatamos o local onde se alimentavam”, diz Barreto, em tom de lamentação.

“Quando a comunidade quer e se organiza, ele pode dar exemplos, caso da Ilha de Deus”, retoma ele em tom empolgado. “Próximo a Três Rios e no Shopping próximo, que faz o mangue sofrer, a Ilha de Deus dá exemplo”, ao falar do engajamento dos moradores em manter o local preservado.

Em Maceió, ele já foi até o Pontal, na foz do Rio Manguaba. “Mesmo com a enchente, ele vem se recuperando, mas o lixo segue sendo um problema”, lamentou ele sobre a situação aqui no Estado. “Mangue não é lugar de sujeira. Não apenas para dia da árvore ou semana do meio ambiente”, reitera Rusty, que tem em sua expedição oportunidades de observar os manguezais, fazer novas descobertas, e encontrar moradores que possam continuar com a divulgação e preservação local.