25 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
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‘Festa’ da distribuição de peixes no interior garante Ibope para prefeitos

Quem não distribui entra na lista dos piores prefeitos do Estado. “Nem o peixe ele distribuiu”

Em meio a pobreza que assola a maioria dos municípios alagoanos, os institutos de pesquisa não teriam nenhuma dificuldade em saber quais os melhores e piores prefeitos do interior se fizerem o levantamento logo após a Páscoa.

Um dado muito especial nessa época faz a diferença para a população, sobretudo nas periferias, que é a distribuição do peixe.

Assim, prefeito bom passa a ser aquele que distribuiu peixe para os que mais precisam na Semana Santa. É um gesto pontual, assistencialista, mas que já está se tornando em ação de governo “exuberante”.

Assim, os prefeitos no interior encomendam aos distribuidores, nesse período, carretas de peixe para distribuir com uma clientela viciada que lhe garante o ibope de bom prefeito, a partir da distribuição.

Quem não o faz entra na lista dos piores. “Nem o peixe ele distribuiu”. Essa passa a ser voz corrente em cada cidade do norte ao sul, do litoral ao sertão.

É a velha cultura do é dando que se recebe. E vira uma festa. Isso por que os prefeitos não fazem a disyribuição sozinhos.

A maioria convida sua bancada de vereadores, as primeiras damas, que normalmente são secretárias de assistência social, e seguem juntos em caravanas fazendo as entregas nas comunidades. Quando não, cada vereador aliado ganha um lote para fazer a média em redutos eleitorais.

É fundamental a divisão do bolo para não ter problemas.

Entre uma carreta e outra de peixe vai um sobrepreço ali, outro acolá. Mas, vale o risco para estar de bem com os eleitores. Esse é o pensamento.

Enquanto isso, as políticas públicas, na maioria dos municípios, seguem ao Deus dará.

As imagens abaixo falam por si:

A carreta chega na cidade.
O peixe e a pose das autoridades.
A festa da distribuição.