Apontado como um dos articuladores do impeachment de Dilma Rousseff, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso já se distancia de Michel Temer – a quem chama de “pinguela” – e também descarta assumir a presidência da República, por meio de eleições indiretas.
“Prefiro acreditar que isso não vá acontecer. Faço todo esforço para que não haja a queda de Temer. Mas se a pinguela cair, o Congresso terá de convocar eleições diretas. Porque é difícil governar nessa situação de escolha indireta pelo Congresso”, disse FHC, em entrevista ao jornalista Mario Sergio Conti.
Esta, aliás, não foi a primeira vez que FHC chamou o governo Temer de pinguela. Em setembro, ele já havia batizado pejorativamente o governo peemedebista durante entrevista ao jornalista Josias de Souza, do UOL.
O Plano – Quando FHC se movimentou para tirar Dilma Rousseff do poder, em aliança com Aécio Neves e Eduardo Cunha, hoje preso em Curitiba, Dilma seria derrubada, Temer faria reformas impopulares com o aval do PSDB, como a trabalhista e a previdenciária, e não seria candidato em 2018, abrindo espaço para a eleição de um tucano em 2018.
O problema é que tudo deu errado. O golpe quebrou o Brasil, com queda de 5% do PIB em 2015 (ano em que o PSDB patrocinou ‘o quanto pior, melhor’) e de 3,5% em 2016 (ano da primeira gestão desastrosa de Temer) e 2017 também está perdido.
FHC sabe, portanto, que se vier a assumir a presidência no próximo ano arruinará de vez a sua imagem, uma vez que não há saída fácil para a economia brasileira.
Ou seja: depois de contribuir ativamente para a destruição da democracia e da economia brasileira, FHC pula fora do barco, abandona a “pinguela” e espera que alguém conserte o estrago que fez.