1 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Filme sobre a alagoana Nise da Silveira é destaque na Suécia

Produção do cineasta Roberto Berliner, que traz Glória Pires como protagonista, tem conquistado prêmios no circuito internacional.

Divulgação
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Com estreia prevista para o dia 21 de abril, nas salas brasileiras de cinema, o filme “Nise – O coração da loucura”, dirigido por Roberto Berliner, destacou-se entre os oito filmes brasileiros apresentados no Festival de Cinema de Gotemburgo, na Suécia, onde foi exibido na semana passada. A recepção foi considerada bastante calorosa.

Não é a primeira vez que isso acontece. O filme – que conta a história da psiquiatra alagoana Nise da Silveira (1905-1999), uma mulher que revolucionou o tratamento de pacientes psiquiátricos nos anos 1940 – tem conquistado crítica e público por onde passa, seja no circuito nacional ou internacional.

E já levou vários prêmios, dois deles – de melhor filme e melhor atriz (para Glória Pires, que interpreta Nise) – no último Festival de Cinema de Tóquio. No Festival do Rio, ele conquistou também o prêmio do público.

O filme fala do inconsciente, das relações humanas, de amor e loucura no universo da mente humana; e fala também de tratamento humanizado nos hospitais e clínicas de psiquiatria, do qual Nise foi pioneira e extrema defensora. Ela foi a responsável pela implantação de um novo olhar sobre o tratamento psiquiátrico, no qual os pacientes passaram a ser vistos e tratados como pessoas criativas e produtivas, e não como seres inválidos, perigosos e condenados ao isolamento.

De acordo com entrevistas concedidas pelo cineasta Roberto Berliner – que também produziu o roteiro – o projeto começou há 13 anos, pautado na importância do trabalho de Nise da Silveira e ele diz que cuidou do filme quase tanto quanto cuidou do próprio filho, que tinha apenas 1 anos de idade quando o projeto foi iniciado..

Roteiro e elenco

Para escrever o roteiro, Berliner contou com a ajuda de alguns colaboradores de Nise da Silveira para mergulhar no universo do trabalho da protagonista. Alguns deles aparecem no filme como figurantes, outros acabaram transformando o trabalho de pesquisa em novas obras. Os escritos de Bernardo Horta sobre a psiquiatra, por exemplo, foram organizados a pedido do cineasta, para embasar o primeiro roteiro, e acabaram se transformando na biografia ‘Arqueóloga dos Mares’.

Nise
Nise da Silveira – a revolucionária da pisquiatria

Luiz Carlos Mello, diretor do Museu de Imagens do Inconsciente, criado por Nise nos anos de 1950 para exibir trabalhos artísticos produzidos por pacientes psiquiátricos, também transformou sua colaboração para o roteiro do filme em biografia, com o título “Nis e da Silveira: Caminhos de uma Psiquiatra Rebelde”, ganhador do Prêmio Jabuti.

A própria obra literária de Nise, que escreveu, na década de 1970, “Imagens do Inconsciente” e “O Mundo das Imagens”, sobre seu trabalho, seus métodos e o universo de alguns pacientes, serviu de base para o roteiro de Roberto Berliner.

Nise Glória
Nise, interpretada por Glória Pires (Foto: Divulgação)

Para absorver o universo retratado no filme, o elenco, encabeçado por Glória Pires e preparado por Tomás Rezende, foi colocado em contato direto com pacientes esquizofrênicos, durante os dois meses que antecederam o início das filmagens, no mesmo hospital onde Nise realizou seu trabalhou revolucionário: o Engenho de Dentro, no Rio de Janeiro. Segundo informou o diretor, em suas entrevistas, os personagens chegaram a se mudar para o hospital, usar roupas de pacientes internos e conviver com eles diariamente, como se fossem um deles, nesses dois meses. E muitos desses pacientes reais acabaram participando ativamente das filmagens.

Enquanto se prepara para a estreia no Brasil, daqui  a dois meses, “Nise – O Coração da Loucura” segue seu roteiro de partcipação em festivais nacionais e internacionais. Os próximos serão o Festival de Berlim (Alemanha) e o de Glasgow (Escócia).

  • Com informações da EBC

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