20 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Flagrado na teia da corrupção pelo MPF, Eduardo Cunha reage contra Janot

O presidente da Câmara foi acusado de pedir propina de 5 milhões de dólares.

Cunha: propina de U$$ 5 milhões.
Cunha: propina de U$$ 5 milhões.

Flagrado pelo Ministério Público Federal com a mão na “botija” do esquema da Petrobrás, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), reagiu com uma acusação contra o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao fato de ter sido novamente mencionado na teia de corrupção por ter pedido  5 milhões de dólares de propina.

Quem denunicou Cunha no MPF foi o lobista Julio Camargo, um dos delatores do esquema de corrupção na Petrobras. Mas, o deputado negou ter pedido propina de US$ 5 milhões, como relatou Camargo, e ainda disse que o depoente mentiu “a mando” de Janot.

“Já falei que o delator mente. E mente a mando do procurador-geral da República, para não perder a sua delação”, sentenciou o peemedebista.

Cunha, um dos políticos investigados na Operação Lava Jato, já havia desafiado o ex-consultor da Toyo Setal, integrante do “clube vip” de empreiteiras que fraudavam contratos na Petrobras, a provar que diz a verdade. “Desminto com veemência as mentiras do delator e o desafio a prová-las”, acrescentou o deputado, por meio de nota.

A reportagem quis então saber por que Julio Camargo teria mentido, uma vez que o beneficiado por delação premiada deve apresentar provas do que diz – para legitimar, por meio de seu depoimento, uma eventual redução de pena. Para Cunha, as novas declarações só pioram a situação de Camargo, porque supostamente desmentiriam o próprio depoimento anterior.

“Pior, ele mentiu. Porque já deu vários depoimentos”, acrescentou o deputado, prometendo recorrer a toda e qualquer medida que lhe esteja ao alcance. “Vou reagir com tudo o que puder”, respondeu, depois de questionado pelo site se reagiria com ação por calúnia e difamação.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) também reagiu às declarações de Cunha sobre a suposta ingerência do órgão nas delações premiadas da Lava Jato. Para a PGR, “o depoimento prestado na presente data por Júlio Camargo à Justiça Federal do Paraná não tem qualquer relação com as investigações (inquéritos) em trâmite no âmbito do Supremo Tribunal Federal”, referindo-se aos inquéritos contra figuras com foro privilegiado no STF, caso de Cunha.