28 de março de 2024Informação, independência e credibilidade
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Fogos de artifício: Um espetáculo perigoso que ameaça a vida e o patrimônio

O incêndio numa barraca de tapioca, na praia de Pajuçara, na manhã desta terça-feira (8) – dia de homenagens a Iemanjá – é mais um nas estatísticas de acidentes com fogos de artifício.

ArtificioO incêndio numa barraca de tapioca, na praia de Pajuçara, na manhã desta terça-feira (8) – dia de homenagens a Iemanjá – é mais um nas estatísticas de acidentes com fogos de artifício. Um espetáculo tradicional, belo e atrativo, sem dúvidas, mas bastante perigoso, e que tem causado, além de prejuízos materiais de dimensões variadas, também muitas dores, com mortes, lesões corporais graves e mutilações.
Mas ainda assim, a tradição de soltar fogos resiste ao tempo e à evidência dos riscos. Para se ter uma ideia, enquanto redijo esse texto, posso ouvir incontáveis sons de foguetes pipocando no ar da Pajuçara, mesmo depois do acidente registrado hoje pela manhã.
De forma incontestável, as luzes e os efeitos especiais atraem crianças e adultos. E o estouro do foguete no ar parece simbolizar a alegria. Mas, infelizmente, nem tudo começa e termina em festa. Seja no São João, no Natal, no Ano Novo, na comemoração da vitória do time ou na homenagem aos santos, o manuseio de fogos requer uma série de cuidados e traz em si um alto potencial de risco de acidentes com queimaduras graves, que podem matar, deixar sequelas ou destruir patrimônios.
Durante os festejos juninos deste ano, várias pessoas foram atendidas no Centro de Tratamento de Queimaduras do Hospital Geral do Estado (HGE), vítimas de acidentes com fogos. Uma delas morreu. Em geral, as vítimas de acidentes com fogos têm órgãos amputados, principalmente dedos, devido à gravidade do ferimento. Se uma bombinha explodir nas mãos de uma pessoa pode causar mutilação.
Dados da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT) atestam que mais da metade dos casos de queimadura de mão são em decorrência do uso de fogos de artifício. E cerca de 10% desses casos resultam em amputação de dedos ou da própria mão.
E embora estejam entre os mais graves, esses não são os únicos problemas. Complicações visuais e auditivas causadas pelos fogos também são relatos constantes, muitas delas provocando cegueira e surdez, inclusive em animais. Quem tem um cachorro em casa sabe a situação de pânico que geralmente se apodera do animal quando o foguetório começa.
Vale destaque, também, para situações envolvendo bebês, gestantes e pessoas idosas, que às vezes vão parar no hospital em decorrência do susto com o estampido de bombas e foguetes. Sem contar os casos de acidentes gravíssimos que, não raramente, ocorrem em fábricas de fogos ou em pontos de comercialização.

A situação é grave e exige reflexão, antes que outras barracas peguem fogo, que outros paiois explodam, que mais vidas sejam mutiladas. É prudente continuar permitindo uma comemoração tão perigosa que pode destruir patrimônios? Será que vale a pena manter uma tradição que pode ferir gravemente a integridade física das pessoas?

É hora de tratar a questão como um sério problema de saúde pública.

Só acho!

EVITE ACIDENTES
Se a festa tem fogos, evite ficar em áreas descobertas ou muito próximo dos locais de disparo e explosão; proteja as crianças e não permita que elas crianças manuseiem os fogos de artifícios – mesmo aqueles apropriados para os pequenos, só devem ser permitidos com o acompanhamento de adultos reponsáveis; não solte fogos em ambiente fechado e nem aponte na direção de pessoas, casas ou vegetação seca. Nunca transporte estes artefatos no bolso. Eles podem inflamar com o atrito e provocar um acidente grave. E você, certamente será atingido. Em caso de incêndio, acione imediatamente o Corpo de Bombeiros, ligando, gratuitamente, no telefone 193.

COMO TRATAR
Em caso de acidente graves, esqueça aquela receitas tradicionais: gelo, manteiga, café em pó, creme dental, plantas ou outras substâncias. Alguns desses produtos podem até aliviar a dor, mas também podem intensificar a queimadura e ocasionar danos irreparáveis. A recomendação dos especialistas é, se possível, resfriar a área atingida, por 5 ou 10 minutos, com água corrente em abundância e encaminhar a vítima imediatamante a um hospital de emergência. Em Maceió, o Hospital Geral do Estado (HGE), dispõe de um Centro de Tratamento de Queimados (CTQ).