26 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Garotinho preso: propina veio de esquema com PT, PMDB e JBS

O ex-governador Anthony Garotinho (PR) foi preso pela Polícia Federal nesta quarta-feira. Presidente do PR também é alvo

O pagamento de vantagens indevidas que levou à prisão o ex-governador fluminense Anthony Garotinho (PR) é decorrente de um esquema envolvendo o PT e o PMDB, segundo o Ministério Público Eleitoral do Rio de Janeiro.

O político e sua mulher, a também ex-governadora Rosinha Garotinho (PR), receberam cerca de R$ 3 milhões do frigorífico JBS por meio de contratos fraudulentos.

O presidente nacional do PR, o ex-senador Antonio Carlos Rodrigues, também foi envolvido no esquema e, assim como o casal, é alvo de mandado de prisão nesta quarta-feira (22). O casal já foi preso, mas Rodrigues ainda não foi localizado.

“O dinheiro ilícito era proveniente de propina devida pela JBS ao PT e ao PMDB em razão de benefícios obtidos junto ao governo federal, como financiamentos concedidos por bancos públicos, como o BNDES”, disse a denúncia do MP.

Segundo a Procuradoria, “ficou acertado entre o PT e o PR Nacional, na pessoa de Antonio Carlos Rodrigues, que o apoio do partido custaria R$ 20 milhões, que seria pago pela JBS”. Esse valor seria referente a um “crédito” do PT e do PMDB com a JBS.

Mas Rodrigues não teria repassado nenhuma parte do valor ao grupo de Anthony Garotinho, “o que gerou insatisfação do ex-governador”, relata o MPE. Após sofrer pressão, Rodrigues pediu à JBS que conseguisse mais R$ 4 milhões, além do valor já negociado.

Segundo os procuradores, ficou combinado, por fim, o pagamento de R$ 3 milhões, valor “oriundo de propina para selar o apoio do PR ao PT e ao PMDB, e destinado a outra conduta também ilícita, que era custear despesas do grupo político de Garotinho, sem a devida declaração nem comprovação”.

Réus

O casal Garotinho, Rodrigues e outras sete pessoas agora são réus e respondem a um processo, que será conduzido pelo juiz Glaucenir Silva de Oliveira, da Justiça Eleitoral em Campos de Goytacazes (RJ). Foi Oliveira quem autorizou as prisões nesta quarta-feira.

Na decisão, o juiz ainda determinou o afastamento do ex-governador e de Rodrigues, respectivamente, da presidência fluminense e nacional do PR. Suplente de Marta Suplicy (PMDB) no Senado, Rodrigues foi senador entre 2012 e 2014. Ele também foi ministro dos Transportes do governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) entre 2015 e 2016.