26 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Governadores do NE ameaçam processar Marun após declaração

Ministro afirmou usar liberação de recursos como “moeda de troca”; Renan Calheiros, do mesmo partido do presidente, também assinou declaração contra essa “chantagem”

Governadores do Nordeste enviaram nesta quarta-feira (27) uma carta ao presidente Michel Temer em que ameaçam processar o ministro Carlos Marun (Secretaria de Governo) e os agentes públicos envolvidos em práticas como a liberação de verbas em troca de apoio à reforma da Previdência.

O texto assinado por oito dos nove governadores nordestinos pede que Temer “reoriente seus auxiliares” com o objetivo de “coibir práticas inconstitucionais e criminosas”.

Dois políticos do PMDB, sigla de Temer, assinaram a carta: Jackson Barreto, de Sergipe, e Renan Filho, de Alagoas, filho do senador Renan Calheiros (PMDB-AL), um dos principais críticos de Temer. Robinson Faria (PSD), do Rio Grande do Norte, foi o único a não assinar.

Nesta terça-feira (26), Marun afirmou, após reunião com o presidente, que a liberação de recursos de bancos públicos, como a Caixa Econômica Federal, seria usada como moeda de troca com governadores para que eles pressionem deputados a aprovar as mudanças nas regras de aposentadoria.

Segundo o ministro, isso não configura chantagem, mas sim uma “ação de governo”.

Ameaça

Os governadores do Nordeste, por sua vez, chamaram a prática de “ameaça” e manifestam “profunda estranheza com as declarações atribuídas ao Sr. Carlos Marun”. Segundo eles, esse tipo de ato é “arbitrário” e, caso confirmado, dizem, não hesitarão em acionar política e juridicamente os agentes envolvidos.

“Protestamos publicamente contra essa declaração e contra essa possibilidade e não hesitaremos em promover a responsabilidade política e jurídica dos agentes públicos envolvidos, caso a ameaça se confirme”, diz a carta.

“Vivemos em uma Federação, cláusula pétrea da Constituição, não se admitindo atos arbitrários para extrair alinhamentos políticos, algo possível somente na vigência de ditaduras cruéis”, completa o texto.