27 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Governo Temer na parede com a queda do 2º ministro gravado na Lava Jato

Fabiano Silveira foi mais um ministro que mostrou o verdadeiro interesse do governo Temer e aliados: barrar a Lava Jato

Depois de flagrado tentando obstruir a operação Lava Jato, o advogado Fabiano Silveira, foi mais um ministro de Temer a cair, numa demonstração clara das intenções contaminadas do governo interino, para barrar a maior operação contra a corrupção já vista no País. O Ministro da Transparência e Controle Interno não era nada transparente e por isso mesmo os servidores do Controladoria Geral da União (CGU)reagiram a permanência dele no comando do Ministério.

Os servidores, enfim, derrubaram o ministro diante de um governo fraco e acuado pela fragilidade intrínseca. Silveira é o segundo ministro que cai por tentar cumprir o acordão político dos partidos que fizeram o impeachment de Dilma Rousseff, exatamente para impedir o prosseguimento da operação na qual mais da metade dos políticos do Congresso estão envolvidos. Incluindo lideranças políticas que praticam a corrupção explicitamente e por debaixo dos panos.

O ministro da Transparência, Fiscalização e Controle, Fabiano Silveira, entregou ao presidente interino Michel Temer a carta de renúncia ao cargo, nesta segunda-feira à noite.

Desde a noite deste domingo (29), após a divulgação do áudio de uma conversa em que Silveira criticava a Operação Lava Jato e orientava investigados quando era conselheiro do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), órgão que fiscaliza o Poder Judiciário, entidades e servidores vinham pressionando pela renúncia do titular da pasta.

Mais cedo, o presidente interino Michel Temer ligou para Silveira, pedindo que o ministro permanecesse no governo, apesar das pressões contrárias após o vazamento do áudio. Silveira não deu uma resposta definitiva e afirmou que pretendia ouvir alguns assessores para decidir. Como o Jornal do Brasil informou mais cedo, Silveira estaria inclinado a renunciar ao cargo. O ministro vinha temendo pelo “embaraço” que causaria, sobretudo com o aumento de pedidos dentro do próprio governo e do PMDB, da oposição e dos servidores.

Ministro chegou a ouvir apelo de Temer para que permanecesse no governo
Ministro: flagrado, na Lava Jato, renunciou.

No áudio da conversa gravada pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado e divulgada neste domingo (29), Silveira diz, logo após ouvir críticas de Machado ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que “eles estão perdidos nessa questão [da Lava Jato]”. Os áudios foram exibidos pelo programa Fantástico, da TV Globo.

De acordo com a reportagem, a gravação foi feita no final de fevereiro, na casa do presidente do Senado, Renan Calheiros. Foi Renan quem indicou Fabiano, que era servidor do Senado, ao CNJ.

Machado informou que foi à casa de Renan para conversar sobre providência a tomar em relação à Operação Lava Jato. Ele disse aos procuradores ainda que um outro advogado, Bruno Mendes, esteve no encontro.

A reportagem indica que o agora ministro Fabiano Silveira e o advogado Bruno Mendes orientaram os investigados sobre como lidar com a Procuradoria-Geral da República (PGR). O ministro também teria procurado integrantes da força-tarefa da Lava Jato para pedir dados de inquéritos sobre Renan Calheiros.

O ministro também recomendou que Renan não adotasse argumentos específicos. “Está entregando já a sua versão pros caras da… PGR, né. Entendeu? (…) Quando você coloca aqui, eles vão querer rebater os detalhes que colocou”, afirmou.

Fabiano recomendou ainda que Sérgio Machado procurasse o relator de um dos processos da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), sem citar nomes.