Dezembro, fim de ano, as confraternizações pipocam por todos os lados. É preciso um fígado de aço para aguentar o ritmo. E quem parece tê-lo é o amigo Considerado. Do último dia 10 para cá já foi a pelo menos 12 confraternizações.
Neste sábado, 17, ele teria que ir à “confra” da turma dos “Gabirus”. Imagine em que turma o sujeito foi se meter. A festa é organizada pelo amigo dele, um certo “Tonelada”, que muitos chamam de “Código de Barra” e outros de “Fofa Chão”. Evento marcado para a fonte do Jardim do Horto, com uma turma de machos tipos esponjas. Alguns já chegando ao estágio de cobra de farmácia.
Ir ou não ir? Eis a questão. Chegou à casa da avó, dona Nildinha, com esse dilema. “Não sei se vá, não sei fique”… De tanto resmungar pelos cantos a velha quis sabe o que estava havendo com o neto. –Você está passando mal, meu filho?
Disse-lhe que não era nada, apenas estava em dúvidas sobre uma festa, mas já havia decidido que não iria.
-Mas, logo você que adora uma boca livre?
-Que boca livre o quê, lá tenho de pagar 65 mangos!
-E que festa é essa, quem é que vai?
-É do Gabi?
-É do Gabrielzinho filho do Capitão?
-Não vó é a turma dos Gabirus!
-Minha nossa, onde você está metido rapaz?
– Deixe pra lá que a senhora não vai entender…
Como é que uma avó zelosa vai ficar quieta, sem preocupação, sabendo que o neto, criado com ela, esta envolvido com a turma dos gabirus? Considerado passou a se preocupar também por que sabia que Dona Nildinha não deixaria o assunto pra lá. Ela ciscou para um lado e outro e partiu para o ataque.
–Considerado, meu filho, diga que turma é essa? Aquele Batoré está metido nisso?
-São todos amigos minha vó.
– Mais quem são eles, eu conheço algum?
-O Batoré, o Braço de Pistola, o Oio de Kombi, o Banda Larga, o Belleboi, Purê Vencido, Língua Colada, o Monge, o Fumacê, o Lecitação…
-Chega pelo amor de Deus. O que esse povo faz da vida, de onde você os conhece?
-São companheiros de farra, degustadores de uma boa vodca, de uma cerveja gelada.
-Você quer dizer que são todos cachaceiros…
-Não vó é tudo gente boa. Inclusive aquele médico que a senhora gosta, o Coleguinha…
-Ah, ele é maravilhoso, galegão… Mas esses outros rafameia e esse tal Batoré não me agradam…
-Mas eles gostam da senhora. Menos o Batoré, claro.
-Se você não vai qual desculpa vai dar?
-Vou dizer que estou gripado.
– Isso vai lembrar pra eles aquela lista da Odebrecht, onde sua turma se enquadra bem.
-Quer isso vó, deixe de besteira…
-A lista é uma desculpa melhor pra você.
– Qual é o Mané lista?
– É só Você dizer que está Gripado por que foi ao Candomblé, bebeu Campari, comeu Caranguejo e Purê, ficou de Boca Mole e Nervosinho quando viu um Bitelo e agora está aí Decrépito e Todo Feio. Afinal, é tudo gabiru…