24 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
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Imagem do dia: Um lixão chamado Salgadinho

A cena deprimente e chocante que se repete em dias de chuva é a imagem do descaso

Quem passou pela Avenida da Paz, nas imediações do bairro de Jaraguá, neste domingo chuvoso (21), ficou chocado com a imagem do lixão que se formou na foz do Riacho Salgadinho.

Apesar da chuva, muita gente parou para registrar. Esse vídeo retratando a chegada do Salgadinho no mar, nos foi enviada por meio de mídia social. E publicamos porque constatamos in loco a situação. Estava exatamente assim.

Resíduos de todos os gêneros: plásticos, garrafas, restos de móveis, fezes, animais mortos e a fedentina denunciando a insanidade do ser humano que há décadas transformou o Riacho Salgadinho numa enorme lixeira; no maior e mais ostensivo esgoto a céu aberto de Maceió.

Na imagem, arrastado pela enxurrada, ao longo do leito do pequeno rio, o lixão chega ao mar, que se agita como em revolta e rebate a sujeira, devolvendo-a para a areia da praia.

A cena deprimente não é novidade. Repete-se com frequência – basta chover e aumentar a vazão do riacho que sai da parte alta da cidade e desemboca no mar da Praia da Avenida.

O que impressiona – mais do que a imagem chocante do lixão – é a inércia dos governantes em relação à situação. Entra governo, sai governo, entra prefeito, sai prefeito, passam campanhas eleitorais, protestos, manifestos, mudam gestores nos órgãos ambientais e de infraestrutura, e o Salgadinho continua o mesmo, sem nenhuma ação que lhe revitalize; sem nenhum antídoto ao câncer de paciente terminal.

Não dá para entender que com tanta tecnologia, tantos recursos de engenharia disponíveis, tanto dinheiro jorrando nos esgotos da corrupção por esse país afora, não se encontre uma solução para a agonia do riacho.

É o retrato revelador do descaso, da ineficiência e da falta de vontade política de governantes em relação ao problema – um atentado à estética da bela orla marinha que contorna a nossa cidade e, sobretudo, uma agressão permanente ao meio ambiente e uma ameaça gritante à saúde pública.

É assim há décadas.

E pelo jeito vai continuar…