25 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Cultura

“Marina e a Flora de Lá”: A exposição de desenhos de Paulo Caldas no Sesc

A mostra reúne 32 desenhos feitos em grafite, e nanquim sobre papel linho

marina
Divulgação

A exposição “Marina e a Flora de Lá”, do artista visual alagoano, Paulo Caldas, está em exposição na Galeria de Artes da Unidade Sesc Centro, e pode ser apreciada no local até o dia 29 de julho, das 12h às 18h. A mostra reúne 32 desenhos feitos em grafite, e nanquim sobre papel linho, e também apresenta uma homenagem à filha do artista, Marina. Durante o período da exposição, grupos interessados, poderão agendar visitas pelo telefone 3326-3133.

O artista

Alagoano e natural de Maceió, artista visual e poeta, Paulo Caldas, tem a vida dedicada às artes. Bebendo na fonte da escola surrealista, o artista desenvolveu seu processo criativo com desenho e pintura sobre o papel, tela e até sobre a vela de jangada, quando integrou o projeto Velas Artes, em suas duas edições.

Na descrição do evento, em sua página do Facebook, Paulo poetizou:

Marina nasceu com muito cabelo. Aos três ou quatro meses
foram rareando, rareando e ela ficou quase careca. Um
fiozinho aqui, um tufinho ali outro acolá, resistentes à queda,
foram novamente dando o ar da graça.

 

Um dia quando eu saía para trabalhar, olhei-a no berço, passei
a mão em sua cabeça e falei: o seu cabelo parece um ninho de
corujinha. Ela riu. Mas retifiquei e disse: não!… De corujinha,
não!… De colibri. Sim!… Um ninho de colibri! Disse isso, brinquei
mais um pouco e saí.

 

Eu estava realizando uma mostra de desenhos e pinturas numa
escola do interior e para lá me dirigi. Chegando lá arrumei
minha banca e, meio que por acaso, peguei uma quantidade de
pequenos e alvos papéis que eu havia cortado em casa há muito
tempo sem nenhum motivo definido. Apenas estavam ali como
um pacote encontrado sem querer.

 

Peguei um pedaço e comecei a rabiscar.

 

O lápis e os traços corriam livres, assim como o tempo…
Chegou uma hora em que senti vontade de parar e tentei entender o que estava ali desenhado. Rodei o desenho para um lado, para o outro, tentando obter, em meio àquela abstração, uma referência figurativa, sem nada encontrar. Quando ele ficou de “cabeça pra baixo” eu percebi ter feito uma flor e, aninhado e pairando acima dela, o perfil de um colibri.

 

No mesmo instante lembrei-me da rápida “conversa” com minha
filha ao sair de casa.Lembrei dos seus poucos cabelos, do seu farto sorriso e fiquei ali com o olhar perdido e maravilhado contemplando aquela “coincidência”. Tentava entender por que e como isso se dá, quando, em meio ao silêncio próprio dessas ocasiões, uma voz que me conduz soprou no meu ouvido e bem baixinho me falou:Marina e a flora de lá…
Eu, também em silêncio, perguntei: de lá de onde?
A voz me disse: de onde ela veio!… Trouxe de presente para você: folhas, flores e sementes. E, como se estivesse sorrindo, concluiu: continue desenhando…

 

A voz silenciou, eu continuei… Peguei outro pedaço de papel
e logo depois mais outro e mais outro, dando sequência a uma
série de quarenta e dois desenhos “trazidos de lá” por Marina,
tornando-os um presente para todos nós, aqui.