Até às 17 horas desta sexta-feira, 19, a avenida litorânea do bairro de Jaraguá continuava interditada. Por ela só passavam veículos oficiais ou caminhões em direção ao Porto de Maceió.
Mas a foto do armazém de açúcar ao lado do terreno vazio, onde ficava a Vila dos Pescadores deixa à mostra uma faceta do poder e dos poderosos. É o manda quem pode e obedece quem tem juízo. Ou ainda, a lei aplicada aos pobres, enquanto para os ricos as benesses da lei.
O armazém de açúcar imponente e livre na mesma área da Vila, que era habitada por gente pobre, simboliza exatamente a força de um poder que controla o Estado de Alagoas secularmente. A vila, ou a favela, como a maioria chamava, incomodava pelo estado de pobreza explicita. Então tinha que ser derrubada. O doce açúcar da cana, nem tanto, por que banca a conta de muita gente que se deu bem na política. E são muitos os ícones da cultura do açúcar alagoano nas ruas de Jaraguá.
Mas não foi apenas o armazém de açúcar que ficou no espaço que a Prefeitura de Maceió mandou derrubar. A poderosa sede da Federação Alagoana de Vela e Motor também ficou intacta. Assim como a sede da marina dos barcos, lanchas e saveiros da elite alagoana que vivia incomodada com a população da vila dos Pescadores.
O prefeito Rui Palmeira (PSDB) cumpriu bem o seu papel de expulsar os moradores da vila e oferecer abrigo a todos eles em escolas municipais. Escolas que não aceitaram suspender as aulas para abrigar o flagelo de desvalidos do poder público.
Assim foram alguns abrigados em uma creche construída com recursos federais, mas que nunca havia funcionado sabe-se lá por quê. Lá, vão ficar até que Deus dê bom tempo.
Perfeito caro jornalista, isso aqui ainda é terra de coroneis do açucar, onde a classe alta ainda manda e desmanda. Manter aquele armazem e a tal Federação é uma aberração a linda orla que os alagoanos tem o direito de usufluir.