20 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Novo diretor da PF critica investigação da PGR por denúncias contra Temer

Para Fernando Segovia, mala de dinheiro pode não ser suficiente para determinar crime

O novo diretor da Polícia Federal, Fernando Segovia, criticou nesta segunda-feira (20) a investigação da PGR (Procuradoria-Geral da República), então comandada por Rodrigo Janot, que sustentou as duas denúncias contra o presidente da República, Michel Temer (PMDB).

O peemedebista foi denunciado inicialmente por corrupção passiva e, depois, por obstrução de Justiça e organização criminosa junto aos ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência). Ambas as peças foram rejeitadas pelo plenário da Câmara dos Deputados.

As denúncias tiveram como principal sustentação os fatos relatados nos acordos de delação premiada dos executivos do grupo J&F, que controla o frigorífico JBS, entre os quais os irmãos Joesley e Wesley Batista.

Para Segovia, seria melhor se a maneira como foi conduzida a investigação tivesse maior transparência. Ele então criticou o que avaliou como curto tempo aplicado no trabalho.

Segundo ele, se à época a investigação estivesse sob o comando da Polícia Federal, somente o flagrante de Rodrigo Rocha Loures (PMDB), ex-assessor especial de Temer, com uma mala com R$ 500 mil em São Paulo não seria o suficiente para resolver todos os pontos do caso.

Segovia também confirmou que a diretoria da polícia será praticamente toda substituída com exceção da corregedoria. Alterações de comando deverão acontecer nas superintendências por serem cargos de confiança.

Ao falar de combate à corrupção, Segovia relatou ter recebido “carta branca” de Temer e afirmou que a corporação não pode tomar vieses político-partidários, como, segundo ele, aconteceu com o ex-delegado Protógenes Queiroz – condenado por vazar informações na Operação Satiagraha.

O novo diretor afirmou que a Lava Jato não tem viés político e elogiou a condução dos processos na primeira instância pelo juiz federal Sergio Moro.