20 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
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O drama de servidores do Estado à espera da lista de demissões

Centenas de famílias vivem a angústia de saber que vão perder o emprego dentro de poucos dias

Foto: Sindagro
Protesto em frente à Carhp. Foto: Arquivo Sindagro

O drama se repete todas as semanas, todos os meses. Desde que tomaram conhecimento de mais um processo de demissão em massa, cerca de 600 servidores do Estado vinculados à Companhia Alagoana de Recursos Humanos e Patrimoniais (Carhp) vivem a angústia de esperar a ‘lista’ de demissões, com a certeza de que, um dia desses, o nome estará na relação.

Já houve mobilização, protesto, tentativa de negociações por meio dos sindicatos que representam esses trabalhadores, mas desta vez, a determinação do governo Renan Filho, segundo foi informado aos servidores e às entidades sindicais, é exonerar todos os servidores da Carhp e extinguir o órgão. Mais de 200 nomes já foram exonerados, e a expectativa é de que uma nova lista deve sair no começo da próxima semana.

Não é a primeira vez que os trabalhadores, hoje agregados à Carhp, vivem essa situação. Eles já vieram, de mala e cuia, de outros órgãos extintos ao longo de governos passados, como a Emater, Sergasa, EDRN, Epeal, Cohab, Codeal, e já viveram o desespero diante da ameaça de perder o emprego, a renda, a fonte de sustento da família.

A maioria já entrou na faixa em que as dificuldades de conseguir uma recolocação no mercado de trabalho se tornam ainda mais acentuadas. A situação é complicada. Em muitos lares, é mesmo de desespero. Uma grande parte desses trabalhadores é concursada; mesmo assim, todos eles sabem que em breve dias estarão nas estatísticas do desemprego.

Muitos desses trabalhadores estão aposentados, alega o governo. Mas outros ainda levarão alguns anos para isso. Não têm idade nem tempo de serviço suficientes. Alguns estão sem função, é verdade; foram ‘encostados’ pelo Estado. Mas boa parte é constituída de servidores capacitados, ativos, dedicados, que trabalham duro nas repartições onde foram lotados. Conheço alguns deles e posso assegurar que farão falta, pela qualidade do seu trabalho e pela responsabilidade e compromisso com que cumprem com suas obrigações. Alguns setores do Estado serão duramente afetados em seu funcionamento.

Qual a justificativa do governo? Reduzir despesas com a folha de pagamento. Já fez isso quando extinguiu os órgãos de origem desses trabalhadores; e quando demitiu em massa mais de 400 servidores da Carhp, em 2014. A meta, agora, é acabar de vez com essa agonia e zerar a conta financeira da folha de pagamento da instituição, embora à custa de um doloroso processo de desgaste social que afetará centenas de famílias que perderão o emprego e a renda.

Mas esse lado – o social – não parece estar preocupando o Estado. Doa em quem doer, a ordem é demitir e acabar com a Carhp.

E desta vez, não deve sobrar ninguém para apagar as luzes e fechar as portas.

VERSÃO OFICIAL 

Sobre o assunto, o Governo se manifestou, recentemente, por meio de nota oficial da Carhp, cujo conteúdo publicamos a seguir:

“A Companhia Alagoana de Recursos Humanos e Patrimoniais (Carhp), órgão vinculado à Secretaria de Estado do Planejamento, Gestão e Patrimônio (Seplag), esclarece que o processo demissionário de 205 empregados públicos, das antigas empresas que formam a entidade, foi realizado pela indisponibilidade financeira da Companhia em fazer frente às despesas com pessoal, principalmente em um ano de crise, além de fazer parte da reestruturação administrativa do Estado.

Em tempo, os órgãos estão sendo informados via ofício e os trabalhadores estão sendo convocados para realizar a assinatura das rescisões. Todos os empregados públicos (celetistas) estão tendo os seus direitos assegurados, tais como aviso prévio indenizado de 90 dias, saldo de salário, férias (integral/proporcional), 13º proporcional, FGTS e multa do FGTS.

A Carhp reafirma seu compromisso social, adotando medidas de austeridade que fazem parte do processo de modernização do Estado, solicitado pelo governador Renan Filho”.

Para alguns, modernização é isso aí.

Fazer o que, né?

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