Neste dia especialíssimo para a democracia brasileira, cumprir o dever cívico é importante para o cidadão consciente do peso que tem o ato de votar e de quão poderosa arma que é o voto.
Aliás, quando presidente americano, Roosevelt disse certa vez que “o voto é como um rifle: sua utilidade depende do caráter de quem usa”.
Portanto, é fundamental entender que o tiro que sai dessa arma é o seu caráter. Assim, ir à urna deixar lá, secretamente, a sua vontade por livre escolha e sem pressão de quem quer que seja, é indiscutivelmente uma atitude que valoriza o exercício da cidadania e fortalece a democracia.
E nesta data – e contra os que se elegem comprando mandatos e enganando a boa fé alheia – faço aqui a minha homenagem ao voto com um belo trecho do poema “Canção do Amor Armado” do poeta amazonense Thiago de Mello:
Vinha a manhã no vento do verão,
e de repente aconteceu.
Melhor
é não contar quem foi nem como foi,
porque outra história vem, que vai ficar.
Foi hoje e foi aqui, no chão da pátria,
onde o voto, secreto como o beijo
no começo do amor, e universal
como o pássaro voando — sempre o voto
era um direito e era um dever sagrado.
De repente deixou de ser sagrado,
de repente deixou de ser direito,
de repente deixou de ser, o voto.
Deixou de ser completamente tudo.
Deixou de ser encontro e ser caminho,
deixou de ser dever e de ser cívico,
deixou de ser apaixonado e belo
e deixou de ser arma — de ser a arma,
porque o voto deixou de ser do povo.
O povo sabe, eu não sei.
Sei somente que é um dever,
somente sei que é um direito.
Agora sim que é sagrado:
cada qual tenha sua arma
para quando a vez chegar
de defender, mais que a vida,
a canção dentro da vida,
para defender a chama
de liberdade acendida
no fundo do coração.