25 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

PF não quer mais saber de delações premiadas na Lava Jato

Novas delações poderiam comprometer o governo de Michel Temer

O receio de que novas delações premiadas acertem em cheio o governo de Michel Temer, agora a  Polícia Federal vem se opondo nos bastidores a novos acordos de delação  nas investigações da operação Java Jato. A justificativa da PF do Paraná é de que já teria recolhido material o suficiente desde o início da operação – há dois anos e sete meses – para que o auxílio das delações não seja mais necessário.

A PF exemplifica o sucesso da operação até agora com a prisão do ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil dos governos Lula e Dilma, Antonio Palocci. Outro motivo para o fim das delações seria a sensação de impunidade que novos acordos de colaboração trariam para a sociedade, já que os delatores – também envolvidos nas acusações – seriam beneficiados no processo. 66 acordos de delação premiada foram feitos desde o início da operação em 2014. A empreiteira Odebrecht negocia mais 50 delações para funcionários do grupo.

Outra preocupação da polícia seria o fato de que os primeiros presos pela Lava Jato vão começar a ser soltos, como Alberto Yousseff, um dos protagonistas da operação. Após dois anos e quatro meses na cadeia, o doleiro vai para o regime aberto em novembro.

De acordo com informações apuradas pela Folha de S.Paulo, pessoas ligadas a Odebrecht teriam afirmado em conversas reservadas que a posição da Polícia Federal é atribuída a algum movimento dentro do governo de Michel Temer. Vale lembrar que integrantes do PMDB, partido do presidente, já foram mencionados em delações de membros da empreiteira. A PF nega qualquer diálogo ou influência no governo.