20 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Policia

PM é acusada de realizar contratos irregulares com danos de R$ 300 mil

A denúncia é do Ministério Público de Contas após investigar contratos de 2009

A Polícia Militar de Alagoas está sendo acusada de promover contratos irregulares de quase R$ 300 mil para compra de uniformes e peças dos próprios uniformes para corporação. A acusação vem do Ministério Público de Contas.

O parecer sobre as irregularidades na PM alagoana foi emitido pela 2ª Procuradoria de Contas, com base na análise de contratos realizados em 2009, cujo valor à época totalizava R$ 285.493,35.

A PM foi citada para que no prazo de 15 dias apresente defesa, enquanto o processo com as irregularidades segue para o Ministério Público Estadual (MPE).

Os valores – Segundo o procurador de Contas Pedro Barbosa Neto, desse total pago indevidamente, R$ 103.182,35 corresponde ao aumento do valor do contrato sem qualquer justificativa, e R$ 182.311,00 são resultados da má distribuição dos itens nos 28 lotes. Os contratos foram firmados com as empresas: Casa Militar Ltda; Commander New Comércio Ltda; Regis Confecções Ltda; Garra Indústria e Comércio Ltda; Maria Edneide Ângelo de Menezes – ME; Original Indústria, Comércio e Serviços de Confecções Ltda; e Maria Assunção Nobre de Souza – ME, totalizando R$ 2.115.980,00.

Os contratos foram decorrentes do procedimento licitatório na modalidade Pregão Eletrônico, tipo menor preço por lote, modalidade adequada para o objeto contatado, porém, o primeiro edital publicado sofreu alterações substanciais, as quais deveriam ter sido submetidas à análise da Procuradoria Geral do Estado (PGE), o que não ocorreu, ofendendo assim o art. 38, parágrafo único, da Lei nº 8.666/93. Além disso, embora o valor total das contratações estivesse abaixo do estimado pela Administração, a forma como foi dividido o certame, em 28 lotes, não foi vantajosa aos cofres públicos.

“Percebemos a repetição de itens idênticos em lotes distintos e ainda a mescla de itens de naturezas diversificadas dentro de um mesmo lote. Desta forma, o fornecimento dos objetos foi realizado com valores diferenciados, ainda que pela mesma empresa, o que gerou prejuízo ao erário. Tal fato, inclusive, foi objeto de impugnação ao edital pela Comissão de Licitação”, explicou o procurador de Contas.

Exemplo da grave irregularidade e dano ao erário pode ser constatado no item “camiseta meia manga” que se encontra descrito nos lotes 12, 13 e 14, previsto com diferentes quantidades. Percebe-se que o referido objeto fora arrematado por duas empresas distintas, possuindo valor unitário diferente para cada lote, conforme no quadro abaixo:

Empresa

Lote

Quantidade

Valor unitário

Original Indústria, Comércio e Serviços de Confecções Ltda.

12

4.000

R$ 6,50

Commander New Comércio

13

2.000

R$ 5,50

Commander New Comércio

14

500

R$ 7,53

“Se todo o quantitativo do referido item (6.500 unidades) estivesse constando em um único lote, possivelmente a Administração conseguiria obter uma proposta mais vantajosa e com maior economicidade. Se o total tivesse sido arrematado pela empresa Commander New Comércio Ltda., com valor unitário de R$ 5,50 (valor ofertado para fornecimento de 2.000 unidades) a Administração, apenas com esse item, teria uma economia de mais de R$ 5.000,00”, ressaltou Pedro Barbosa, salientando que este é apenas um exemplo que se repetiu mais nove vezes no edital analisado.

Outro exemplo mais grave é relativo ao item “tênis esportivo”, contido nos lotes 4, 5 e 6 todos fornecidos pela mesma empresa, mas com quantidade diferente e valores que variam de R$30,00 a R$42,1, causando assim um grande prejuízo à Administração, que, se tivesse incluído em um único lote, poderia arrematá-los com valor unitário de R$ 30,00, obtendo uma economia de R$ 68.540,00. O item “meia esportiva” teve variação de valor superior a 100%.

“Fazendo esse comparativo com todos os itens repetidos no edital, verificamos que o valor desperdiçado pela Administração, por sua desorganização na elaboração do edital, chegou ao montante de R$ 182.311,00 valor este que deve ser imputado ao gestor responsável pela contratação”, destacou Pedro Barbosa, ressaltando ainda que a divisão do edital em lotes, da forma como foi feito, trouxe apenas prejuízos à Administração, destoando assim, da sua finalidade principal que é obter maior economicidade e competitividade ao certame.

Além da divisão dos lotes, durante a análise dos contratos verificou-se ainda que foi emitida uma Nota de Empenho no valor de R$ 103.182,35 destinada a promover o reequilíbrio econômico-financeiro do Contrato 070/2009, firmado com a empresa Casa Militar Ltda, realizado sem qualquer justificativa, o que configura grave irregularidade e possível dano ao erário.

Por todos os fatos relatados, o Ministério Público de Contas pede, dentre outras coisas, a irregularidade dos contratos.