25 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Polícia Federal prende ex-chefe da Casa Civil do governo Cabral

O nome da operação, C’est fini, foi dado em alusão à foto tirada em um jantar em Paris, onde aparecem, com guardanapos presos à cabeça

A Polícia Federal (PF) faz, desde as primeiras horas da manhã de hoje (23), a Operação C’est fini (É o fim, em francês), no Rio de Janeiro. É uma nova fase da Lava Jato, que resultou até agora na prisão do ex-chefe da Casa Civil do governo Sérgio Cabral, Régis Fichtner, além do empresário Georges Sadala, suspeito de ser o operador financeiro do esquema montado pelo ex-governador.

Sérgio Cabral está preso atualmente em uma penitenciária da zona norte do Rio, responde a vários inquéritos e já foi condenado em primeira instância a vários anos de prisão.

A C’est fini é um desdobramento da Operação Calicute, que no fim do ano passado prendeu o ex-governador. Na operação de hoje também estão sendo cumpridos mais três mandados de prisão, de condução coercitiva, além de busca e apreensão.

Fichtner foi preso em sua casa na Barra da Tijuca, zona oeste da cidade, por volta das 6h. Ele é suspeito de ter recebido propina no valor de R$ 1,6 milhão.

O nome da operação foi dado em alusão à foto tirada em um jantar em Paris, onde aparecem, com guardanapos presos à cabeça, o ex-governador, o ex-chefe da Casa Civil e vários empresários, inclusive o empreiteiro Fernando Cavendish. O episódio ficou conhecido como “a Farra dos Guardanapos”.

A ação de hoje tem como alvo, além do ex-chefe da Casa Civil Régis Fichtner e do empresário Georges Sadala, os engenheiros Maciste Granha de Mello Filho e Henrique Alberto Santos Ribeiro, acusados de favorecimento no esquema de propina de Cabral.

Sérgio Côrtes (primeiro à esquerda), ao lado de Georges Sadala, Wilson Carlos e Fernando Cavendish na “Farra dos Guardanapos”

O ex-dono da Delta Engenharia Fernando Cavendish, que cumpre prisão domiciliar, é alvo de condução coercitiva e já foi levado para a sede da Polícia Federal, na Praça Mauá, no centro do Rio. Ele estava em sua casa, na Avenida Delfim Moreira, no Leblon. O empresário Alexandre Accioly, dono da rede de academias Body Tech, também foi intimado a depor.

2.800%

A Receita Federal, que também participa da operação, informou ter identificado a partir de análises fiscais indícios de “possível distribuição fictícia de lucros e dividendos por pelo menos uma empresa” ligada a um dos investigados. O objetivo seria ocultar a evolução patrimonial do suspeito.

“Também foram constatadas algumas inconsistências em relação ao efetivo funcionamento de empresas de investigados”, explicou a Receita.

Apenas um dos investigados teve, em dez anos, uma evolução patrimonial líquida de mais de 2.800%, passando de pouco menos de R$ 1 milhão, em 2006, para mais de R$ 28 milhões, em 2016. A Receita não informou se o suspeito em questão seria o ex-chefe da Casa Civil.