Membro da força-tarefa da Operação Lava Jato no Ministério Público, Carlos Fernando dos Santos Lima ironizou, nesta terça-feira (21), as primeiras declarações do novo diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segovia.
“Uma pergunta: Quantas malas de dinheiro são suficientes para o novo diretor-geral da Polícia Federal”, questiona Carlos Fernando em sua conta no Facebook.
Nessa segunda, o novo diretor-geral da PF afirmou que a investigação que levou a Procuradoria-Geral da República (PGR) a denunciar o presidente Michel Temer poderia ter sido mais longa. Para ele, se a apuração estivesse “sob a égide” da PF, e não da PGR, a corporação pediria mais tempo para avaliar “se havia ou não corrupção”.
Segovia afirmou que “uma única mala” “talvez” seja insuficiente para comprovar se os investigados cometeram crime de corrupção. O diretor da PF se referia à mala com R$ 500 mil em dinheiro – supostamente propina – entregue em abril deste ano pelo executivo Ricardo Saud, do frigorífico JBS, para o então deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-MG).
Ex-assessor e homem de confiança de Temer, Rocha Loures foi preso em razão do episódio. A suspeita da PGR na denúncia é de que Temer seria o destinatário final do dinheiro.
O procurador Carlos Fernando já havia afirmado, ontem, que não cabe a Fernando Segovia emitir opinião sobre as denúncias na operação. “Sua opinião pessoal é totalmente desnecessária e sem relevância, ainda mais quando dada em plena coletiva após a posse que lhe foi dada pelo próprio denunciado”, escreveu.
Segovia foi indicado ao comando na PF por Michel Temer, denunciado duas vezes pelo ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot. Ele ainda questionou o motivo das declarações. “A pergunta que não quer calar é: ele se inteirou disso ou ele está falando por ordem de alguém?”