26 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Projeções apontam perda do mandato. Aliados de Dilma apostam nos indecisos

Presidenta depende de 28 votos ara se livrar do impeachment. Por enquanto só tem 18. Levantamentos apontam um universo variável de 10 a 14 senadores indecisos

Para se livrar do impeachment a presidente afastada, Dilma Rousseff, precisa do voto de 28 senadores.  A situação não está nada fácil, reconhecem os próprios aliados. Por enquanto, a contagem não passa de 18 votos contra o impeachment, embora haja um universo variável de 10 a 14 senadores que não manifestaram ainda a intenção de voto, segundo os levantamentos feitos nos bastidores políticos e pela própria mídia.

A última votação no plenário do Senado, em 10 de agosto, terminou com 59 votos favoráveis à instalação do processo de imeachment de Dilma e 21 contrários, levando ao afastamento do cargo e ao julgamento da presidenta.

Foto: Agência Brasil
Foto: Agência Brasil

Para esta etapa final, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, que comanda a o processo do impeachement no Senado, pediu aos senadores uma votação mais criteriosa e menos política. Ao assumir os trabalhos na quinta-feira passada, Lewandowski lembrou os parlamentares de que, nesta etapa do processo, eles se tornaram juízes e, por isso, devem deixar de lado a visão político partidária para votar como indivíduos – o que é difícil num julgamento que desde o inicio é revestido de cores político-partidárias.

Para o senador Roberto Requião (PMDB-PR), que é contra o impeachment apesar de ser do mesmo partido do presidente interino Michel Temer, o resultado da última votação no Senado não diz muito sobre o julgamento final, já que os senadores devem agora revelar sua posição “com mais clareza”.

Para ele, o placar anterior não tem muito sentido na votação final, porque antes, alguns senadores votaram pela admissibilidade para não serem assediados. “O voto verdadeiro é o voto de agora. Eu voto contra. O crime de responsabilidade não existe, e a corrupção nesse processo eleitoral do Senado é evidente”, declarou Requião, em entrevista à Rádio Senado.

Por outro lado, o senador Raimundo Lira (PMDB-PB), que presidiu a Comissão Especial do Impeachment na Casa, declarou não acreditar em mudanças de voto em relação ao processo. Para o parlamentar, os 59 votos favoráveis ao impeachment devem se repetir no julgamento final.

“A minha expectativa é que ao longo desses mais de cem dias houve uma formação da convicção de todos os senadores sobre seu voto. Não acredito em menos de 59 votos no julgamento final e não acredito em mudança de convicção de qualquer senador”, disse Lira, também à Rádio Senado.

Segundo enquete realizada pelo jornal O Globo entre os 81 senadores com assento no Congresso Nacional, 53 declararam voto favorável ao impeachment, enquanto 18 se disseram contrários. Outros dez não opinaram. Já o Estadão contabilizou 49 votos a favor e 18 contra, além de outros 14 que não quiseram responder.

Segundo a Folha de São Paulo, o presidente em exercício, Michel Temer está esperançoso. Na última quarta-feira, questionado pelo jornal sobre quantos votos acredita ter a seu favor, ele respondeu com precisão: 54 – exatamente o número que precisa para deixar de ser interino e assumir definitivamente o mandato. Mas segundo a própria Folha, nos bastidores do Planalto, a expectativa é bem mais otimista – eles esperam obter 63 votos favoráveis ao impeachment.