A quebra dos sigilos bancário e fiscal do senador Renan Calheiros (PMDB) surgiu como mais um fator complicador na vida dele, que já tem rotas de colisão em vários niveis, principalmente com o vice-presidente da República Michel Temer.
Depois de ter sido poupado na devassa da Operação Catilinárias, fase da Operação Lava Jato deflagrada na terça-feira passada, o presidente do Senado não escapou da lupa do Supremo Tribunal Federal (STF).O ministro-relator do caso, Teori Zavascki, determinou a quebra dos sigilos bancários e fiscal do peemedebista relativos ao período fiscal de 2010 a 2014.
Segundo os investigadores, o que a reportagem chama de “afilhados” do senador – Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, subsidiária da Petrobras, e Fabrizio Neves, sócio da gestora de recursos Atlântica – podem ser o elo a comprovar eventuais desmandos dele em relação ao patrimônio público.
A reportagem lembra que Fabrizio é acusado de executar negócios que provocaram prejuízos ao fundo de pensão dos Correios, o Postalis, “feudo do PMDB no Senado”.
Já Sérgio Machado, segundo os autos de um dos inquéritos em curso no STF, era o responsável por desviar, no âmbito da Transpetro, dinheiro de contratos firmados entre Petrobras e empreiteiras. No despacho em que autoriza as quebras de sigilo, Teori registra que um dos pagamentos teve origem em contrato de R$ 240 milhões usados na construção de 20 comboios de barcaças – no transcurso dessa licitação, empresas que a venceram fizeram doações à direção estadual do PMDB de Alagoas, capitaneada por Renan, que dessa maneira abastecia sua campanha eleitoral.
A defesa do senador manifestou-se surpresa com a decisão judicial, sobretudo por que o próprio Renan já havia colocado à disposição da justiça todos os seus dados bancários e fiscais.