26 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
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Redes sociais: Seus direitos, meus direitos e a estranha sensação de impunidade

A falta de regras rígidas contra o mal uso das mídias sociais ameaça o princípio da liberdade democrática

Fala a verdade: Você já espalhou uma notícia que recebeu pelas redes sociais, sem checar a veracidade da informação? Se a resposta é sim, pense bem: você pode ter contribuído para difundir uma mentira criada com o intuito de prejudicar alguém, ou ser corresponsável por uma injustiça de consequência grave na vida de uma pessoa ou de uma comunidade. Portanto, cuidado. Você pode estar destruindo uma vida por uma mentira.

Um estudo encomendado pelo aplicativo BonusQuest, no ano passado, indica que 78% dos brasileiros se informam pelas redes sociais sobre vários temas ou assuntos, sejam eles sérios ou apenas puros memes. A maioria admitiu já ter compartilhado notícias falsas. O quadro é grave. Fora daqui, outra recente pesquisa apontou que 74% dos americanos confiam na imprensa escrita como fonte de informação – e só metade disso dá crédito ao que lê nas redes sociais. Menos mal. Embora isto não tenha impedido o impacto da propagação de falsas informações pelas redes sociais – recurso fartamente utilizado pelo megaempresário Donald Trump – definindo a seu favor as eleições para presidente dos Estados Unidos. No ano passado.

Do lado de cá, a um ano das eleições para presidente – e demais cargos do Executivo e Legislativo no Brasil – quando já se armam os palanques virtuais, o editorial da Folha de São Paulo desta terça-feira traz essa preocupação, embasado no peso das redes sociais como fonte de (des)informação fartamente utilizada para espalhar fatos e boatos – principalmente no campo político.

E foca no alcance ilimitado e nos prejuízos das notícias falsas amplamente divulgadas no campo aberto da interação que a internet nos proporciona, e na fragilidade e ineficiência dos mecanismos de controle de que dispõem os gigantes desse universo online (facebook, twiter, instagram, whatsaap…) para frear a propagação de falsas notícias.

Estamos perdidos e extremamente vulneráveis nesse universo online que parece terra de ninguém; impotentes diante da dimensão – e das consequências graves – da propagação de mentiras e conceitos distorcidos, movimentada por uma massa que não está sabendo o que fazer com a tal – e tão almejada – liberdade de expressão, e não a maioria não tem a menor noção da grande responsabilidade que essa liberdade requer. Sem isso, o espaço aberto à livre manifestação torna-se um campo minado, fértil ao exercício da maldade e da irresponsabilidade; e o uso mal intencionado das mídias sociais põe em risco esse princípio democrático.

O que fazer? É preciso – urgentemente – estabelecer regras e mecanismos mais eficazes de controle; exigir transparência dessas operadoras de mídias sociais, principalmente sobre os vultosos investimentos em anúncios ‘vestidos’ de notícias; é preciso exigir que essas empresas levem a sério o desenvolvimento de mecanismos de checagem sobre a veracidade de informações nelas veiculadas. Mais que isso, é preciso punir severamente – civil e criminalmente – quem propaga (por má intenção ou irresponsabilidade) esse tipo de informação, mesmo não sendo ele o gerador da falsa notícia (da mesma forma como se pune o comprador de um objeto roubado, mesmo que ele não demonstre conhecimento de que esta é a origem do bem adquirido).

É preciso regras bem definidas para inibir essas práticas maldosas. Senão, o que teremos pela frente? Quem poderá nos defender das falsas notícias em que têm se pautado criminosos digitais e estrategistas políticos para destruir plataformas, enterrar reputações e construir falsas perspectivas?

Ninguém, a não ser nós mesmos!

Por enquanto, a saída é ler, ler e ler; correr os site de notícias mais seguro, avaliar as consequências da informação e NUNCA compartilhar uma informação que possa mexer com a vida e a reputação de outra pessoa, sem ter a certeza de que o foco da informação é fato verdadeiro.

Fica a dica!