18 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
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Reforma da previdência e intervenção no Rio: atos de uma republiqueta

Jungmann: Quando o governo tiver os votos para a reforma da previdência revoga a intervenção…

Em ano eleitoral, político e candidato a manter o mandato vota pela guerra em qualquer nível, desde que ele mesmo não pegue em uma arma. Manda os outros.

O decreto da intervenção federal no Rio de Janeiro é fruto de uma situação semelhante. Michel Temer, com seus 96% de impopularidade, segundo os principais institutos de pesquisas do País, percebeu que não aprovaria a reforma da previdência, por que os parlamentares estavam com medo de votar. Seria um risco: aprovar e não voltar para o parlamento, devido a rejeição popular.

Mexer no bolso do aposentado ou do trabalhador que está prestes a se aposentar era simplesmente transferir grande parte da impopularidade do Presidente da República para os apoiadores da causa. Temer, então, foi advertido pelos seus líderes: corta essa!

O que fazer? Foi aí que veio “a brilhante” ideia da intervenção federal no Rio de Janeiro. Alguma coisa teria que estar na mídia global para Temer tentar reverter sua impopularidade. Armem-se os soldados do Exército e os coloquem dentro das favelas do Rio!

Isso, por si só, gera fotos, imagens,videos, comentários, “likes” e não causa nenhum temor na base aliada na hora de aprovar a medida. Assim foi feito.

Forças armadas ocupando as favelas

No Mapa da Violência, o Estado do Rio de Janeiro aparece em décimo lugar, enquanto Sergipe e Rio Grande do Norte ocupam as primeiras posições. Se a preocupação fosse, de fato, o com a violência, a segurança da população, a intervenção teria que ser nesses dois estados nordestinos.  Mas, pequeninos e da região mais discriminada pelos sulistas é como se não existissem.

Parem tudo no País e faça-se a intervenção na terra abençoada pelo monumento do Cristo Redentor. Lá o Ibope é garantido. O que sairá dessa situação só Deus sabe. Talvez, a Rede Globo também.

E para quem pensou que o processo da Reforma da Previdência não teve nada com isso, o Ministro da Defesa, Raul Jungmann – o homem que quando fala mais parece o personagem de ‘Rolando Lero’ – disse em alto e bom som para os senhores parlamentares:

-Quando o governo tiver os votos necessários para aprovar a reforma,  revogará o decreto de intervenção e entrará em vigor no Rio uma operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) ampliada.

É coisa típica de “gestores” de uma republiqueta. E que o Cristo salve as panelas brasileiras…