20 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Temer corta 92% dos recursos para a construção de cisternas no Nordeste

O Nordeste vive a pior seca dos últimos 100 anos, que afeta 23 milhões de pessoas.

O desmonte das políticas públicas que favoreciam a pobreza tem sido uma vertente prioritária do governo de Michel Temer. A mais recente investida dele nessa direção é contra o Programa de Cisterna, premiado na COP 13 pela ONU como uma das mais efetivas políticas para áreas desertificadas no mundo.

O programa terá seu orçamento reduzido em 92%. Ou seja, sairá de  R$ 248,8 milhões para R$ 20 milhões, o que representa apenas 8% dos recursos destinado este ano. O valor significa um pouco mais de 6% dos recursos repassados para o programa em 2010.

Temer manda retirar dinheiro para cisternas

De acordo com a Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), organização que congrega 3 mil organizações e movimentos sociais dos nove estados no semiárido, o programa possibilitou o acesso à água potável para mais de 5 milhões de pessoas.

Foi exatamente por isso que  foi laureado pelo prêmio considerado o “Oscar internacional para as melhores políticas”, concedido pelo World Future Council, em cooperação com a Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação.

Miséria – O semiárido concentra metade dos brasileiros em situação de miséria e, apesar de cerca de 350 mil famílias necessitarem de cisternas para sobreviver, a proposta do governo para 2018 é que este pequeno recurso seja destinado para todo o território nacional. Entretanto, essa verba é capaz de produzir apenas 5.453 cisternas para captação de água, incluindo água para consumo humano, produção de alimentos e criação de animais.

As famílias que necessitam de cisternas estão localizadas em zonas rurais, distantes dos municípios. Segundo os dados do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), apenas 27% da população rural de baixa renda possui acesso a uma rede publica de abastecimento de água.

Além disso, o Nordeste vive a pior seca dos últimos 100 anos e afeta 23 milhões de pessoas. De 2010 a 2014 a verba do Programa de Cisterna teve um crescimento contínuo, saltando de R$ 95 milhões para R$ 324,7 milhões. Desde 2015, porém, o fluxo foi inverso.

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