26 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Temer insinua em pronunciamento que Janot também é corrupto

Para o presidente as denúncias de Janot são peças de ficção.

Ao tentar se defender das denúncias de corrupção da Procuradoria Geral da República, o  presidente Michel Temer insinuou nesta terça-feira, 26, em pronunciamento público no rádio e TV, que o procurador Rodrigo Janot poderia ter recebido dinheiro da corrupção para denunciá-lo. Ele tratou as denúncias como peças de “ficção”.

Michel Temer afirmou que a denúncia da PGR é baseada em uma ilação. “Examinando a denúncia, percebo que reinventaram o Código Penal e criaram uma nova categoria: a denúncia por ilação“, declarou.

O peemedebista insinuou que, com base numa ilação, seria possível chegar à conclusão de que o próprio Janot está envolvido em um esquema de corrupção.

Janot também é acusado por Temer

Um assessor muito próximo ao PGR, Marcelo Miller, homem da mais estrita confiança do sr. procurador-geral (…) deixa o emprego que é um sonho de milhares de jovens acadêmicos e advogados, abandona o Ministério Público para trabalhar em empresa que faz delação premiada ao PGR. Pela nova lei penal criada, a ilação, poderíamos concluir que talvez os milhões de honorários recebidos não foram só para o assessor de confiança”, afirmou.

Temer mudou sua abordagem em relação ao MPF após se tornar alvo de investigações decorrentes das delações de executivos da JBS. O argumento do Planalto é que o procurador-geral da República Rodrigo Janot age para constranger o presidente.

O peemedebista foi denunciado nesta segunda-feira pela Procuradoria Geral da República por corrupção passiva. Seu ex-assessor Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) também foi alvo da ação.

Michel Temer falou por 16min29s. O discursou estava programado para as 15h, mas começou 42 minutos atrasado.

Ao contrário dos outros dois pronunciamentos que fez depois que a crise da JBS eclodiu, Michel Temer convidou uma legião de apoiadores para estar presente em seu discurso. O grupo, formado majoritariamente por deputados, tinha mais de 30 pessoas. Entre elas, o ministro do Turismo, Marx Beltrão (PMDB), o líder do PTB na Câmara, Jovair Arantes (GO), o líder do Podemos, Alexandre Baldy (GO), e o deputado Jones Martins (PMDB-RS), cotado para ser relator da denúncia na CCJ, quase todos do baixo clero na Câmara.

O presidente quer mostrar apoio, principalmente dos deputados, para barrar na Câmara a denúncia enviada pela PGR. O Planalto precisa de 172 votos para que Michel Temer não seja afastado da Presidência e o caso seja enterrado.